30% do BFA vai a mercado em Setembro e promete agitar a Bolsa angolana

O Governo angolano prepara-se para lançar em Setembro a maior operação em bolsa da história da Bodiva – Bolsa de Dívida e Valores de Angola: a privatização de 30% do Banco de Fomento Angola (BFA). Mais do que um simples movimento de alienação accionista, esta operação representa um teste decisivo à profundidade do mercado de…
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Aquela que se espera vir a ser a maior operação em bolsa desde a criação da Bodiva acontece já em Setembro, quando cerca de 30% do capital do Banco de Fomento Angola (BFA) será disponibilizado a investidores institucionais e particulares.
Economia Negócios

O Governo angolano prepara-se para lançar em Setembro a maior operação em bolsa da história da Bodiva – Bolsa de Dívida e Valores de Angola: a privatização de 30% do Banco de Fomento Angola (BFA). Mais do que um simples movimento de alienação accionista, esta operação representa um teste decisivo à profundidade do mercado de capitais angolano e um marco na estratégia de diversificação económica do país.

O anúncio foi feito esta Quarta-feira, em Luanda, por Álvaro Fernão, presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), durante a apresentação do ponto de situação do Programa de Privatizações (PROPRIV) 2023-2026.

“É a maior operação que já tivemos em bolsa, e esperamos uma forte adesão de investidores institucionais e particulares”, sublinhou o responsável, acrescentando que os valores arrecadados serão conhecidos apenas no final de Setembro, quando a operação encerrar.

A transacção, considerada estratégica, promete dinamizar o mercado de capitais e consolidar o programa de privatizações em curso no país. A colocação em bolsa envolverá acções do capital do BFA, resultantes da alienação da participação da Unitel (15%) e do mecanismo de tag along do Banco Português de Investimento (BPI), que poderá ceder entre 14,5% e 15% das suas acções.

Especialistas ouvidos pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA consideram que esta transacção poderá atrair novos perfis de investidores, nacionais e estrangeiros, e contribuir para a consolidação do mercado de capitais em Angola, ainda em fase de maturação. Para o sector bancário, a abertura de capital do BFA significa também um reforço de transparência, disciplina de mercado e potencial valorização da marca.

Programa de privatizações ganha tração

O Governo apresentou igualmente o balanço do primeiro semestre de 2025, destacando a privatização de quatro activos estratégicos, nomeadamente a Fábrica de Cimento Cif, avaliada em 180 mil milhões de kwanzas, a Unidade de Montagem de Automóveis na Zona Económica Especial, a Cervejeira Bela e um supermercado no Zamba 3. No total, as operações somaram cerca de 200 mil milhões de kwanzas.

Os impactos, segundo o IGAPE, começam a ser visíveis: a fábrica de automóveis, que entrará em funcionamento em Novembro, deverá criar mais de mil empregos, enquanto a unidade de cimento já garante entre 900 e 1.000 postos de trabalho. Estes números revelam como o programa de privatizações tem potencial para se tornar num motor de crescimento do PIB e de geração de emprego qualificado.

Para sustentar este ciclo de alienações, a Comissão Nacional Interministerial do Programa de Privatizações aprovou uma estratégia de mitigação de incumprimentos, com medidas que vão desde renegociações de prazos a apoios operacionais e financeiros para adjudicatários. A meta é clara: preservar a confiança dos investidores e assegurar a continuidade operacional dos activos privatizados.

A reunião, liderada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, aprovou ainda o cronograma de privatizações até Dezembro de 2026, consolidando a narrativa de que Angola pretende reduzir o peso do Estado na economia e criar espaço para o sector privado se tornar protagonista.

Mais do que uma transacção histórica, a entrada de 30% do BFA em bolsa será um termómetro da capacidade de absorção e de confiança dos investidores no mercado angolano. Se bem-sucedida, poderá abrir caminho para outras listagens de peso e acelerar a transformação da Bodiva num verdadeiro centro de financiamento para a economia real.

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