Foi pensando no futuro e na melhoria da mobilidade em Moçambique que a Yango, aplicativo de mobilidade urbana, arrancou as operações naquele país lusófono em Novembro de 2022, na cidade de Maputo, com vários motoristas registados na plataforma.
“Temos também milhares de passageiros a ter uma certa aproximação aos nossos serviços. Mensalmente, cerca de 10% da população moçambicana são nossos usuários activos, e no mesmo período fazemos centenas de viagens”, explica à Forbes África Lusófona Mahomed Zameer, director-geral da Yango em Moçambique, que se escusou a avançar números exactos por alegada “confidencialidade” devido à concorrência.
Depois de alguns meses a operar, a Yango em Moçambique sentiu a necessidade de alargar o raio de serviços para a cidade da Matola, “tendo em conta que os moçambicanos gostam de festas, de estar com a família e de sair muito no período da noite”.
Para atender as exigências do mercado, em Outubro de 2023, a empresa lançou, na cidade da Matola, um serviço de transporte por aplicativo para os transportes motorizados de três rodas, denominado “txopelas”. O novo serviço da Yango, que surgiu de um acordo de parceira com a Associação dos Mototáxis de Maputo, com uma tarifa-base de 50 meticais, um preço considerado “competitivo” por Mahomed Zameer.
“Os txopelas são um meio de transporte ágil e rápido. Através da nossa plataforma, adicionamos a esta forma de viajar garantias que os usuários de veículos motorizados frequentemente exigem: qualidade, segurança e eficiência”, garante.
A trabalhar com cerca de 20 empresas locais, entre elas a Maputo Rides, Ridenet, XyamiGo e My Taxi, a Yango em Moçambique funciona com quatro tarifas, nomeadamente classe económica (60 meticais), classe conforto (70 meticais), classe flexível (60 meticais) e txopelas (50 meticais).
“Nós trabalhamos apenas com empresas locais. Isso é um grande diferencial da nossa plataforma digital em relação as outras presentes no mercado nacional. Damos oportunidade de as empresas terem uma percentagem de receita. O nosso contrato é com estas empresas de táxi que, por sua vez, recrutam os motoristas e lhes dão formação. Portanto, a Yango cobra uma percentagem de 12%, e as empresas cobram 15% aos motoristas”, explica.
O gestor de 30 anos e mestre em Finanças pela EADA Business School, que assumiu a direcção da Yango em Moçambique em 2023, descreve que o país foi um mercado bastante complexo para a empresa começar a operar, porque, como diz, “houve uma má interpretação dos serviços por parte de vários stakeholders”, que, inicialmente, achavam que se tratava de uma empresa de táxi.
“Tivemos de fazer um grande esforço de manter encontros com as autoridades locais e a associação de táxi para explicar que somos uma plataforma digital para todos os operadores de transporte no sector do táxi e que todos podem utilizar os nossos serviços, mas, naturalmente, exigimos o cumprimento de alguns padrões de verificação e de controlo que nós temos”, lembra.
Neste cenário todo, a Yango em Moçambique passou a desenvolver algumas acções com o Instituto Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação (INTIC) local, a fim de dar o seu contributo no regulamento para plataformas digitais no país. Esta legislação foi aprovada em Dezembro, e a empresa foi a primeira do ramo a obter o certificado de registo.
“O INTIC está a fazer um trabalho muito grande em assegurar que o mercado de plataforma digital seja bastante competitivo e aberto em Moçambique, mas também existem posturas municipais de táxi, que precisam de ser actualizadas para acomodar a nova realidade”, elogiou.
Apesar de ainda não existir uma lei de mobilidade de táxi por aplicativo, a Yango diz primar pela segurança dos seus passageiros e motoristas. A segurança dos passageiros, por exemplo, começa com a validação dos motoristas que estão na plataforma. “Temos um processo muito rigoroso de validação da carta de condução do motorista. Validamos a documentação das viaturas, a cor e a matrícula. São esses dados que aparecem no aplicativo quando o passageiro solicita uma viagem. Brevemente, vamos introduzir o registo criminal”, adianta.
“Trabalhamos apenas com empresas locais. Isso é um grande diferencial da nossa plataforma digital”
No seu aplicativo, a Yango tem uma central de segurança com várias funcionalidades, sendo que “uma delas permite accionar a ambulância ou a polícia de forma rápida”. Noutra, denominada “situação de emergência”, o passageiro pode accionar os várioscenários que podem acontecer, como acidente rodoviário ou motorista errado e a partilha de rota, mecanismo que permite ao passageiro partilhar a rota com qualquer pessoa.
“Após a viagem, em caso de esquecimento de um artigo na viatura ou reclamação sobre o motorista, o passageiro pode aceder aos dados de viagem e reportar à nossa central de segurança o que aconteceu durante a viagem. Depois coordenamos a devolução do artigo ou tomamos medidas contra o motorista”, refere.
Num mercado aberto como Moçambique, Mahomed Zameer sublinha que a Yango se posiciona como uma empresa disruptiva, pois acredita que estão a mudar a forma como as empresas do género funcionam e como as pessoas solicitam uma viagem. “Por sermos os primeiros, acabamos por disponibilizar mais recursos, a explicar e a treinar os motoristas. Somos a favor da transparência e da concorrência. Naturalmente, não temos problemas com o surgimento de outras plataformas em Moçambique, como a Bolt, outra empresa de tecnologia que fornece serviços de mobilidade”, realça.
Entretanto, no meio desta concorrência, o responsável assegura que a Yango é a principal plataforma digital de mobilidade em Moçambique e pretende continuar o mercado, servido todos os moçambicanos. “Nós, como plataforma digital, não estamos só neste ramo de táxi, também temos serviços de entrega de comida.
Neste momento, a empresa está a preparar as condições para introduzir serviços de correio, algo que já temos em alguns países. Fora disso, estamos a fazer estudos para expandir os serviços noutras cidades mais populosas de Moçambique, como Nampula e Beira”, indica.
O responsável defende que o governo moçambicano deve abraçar as novas tecnologias vindas do sector privado, principalmente do sector da mobilidade, já que, na sua óptica, garante maior movimentação de pessoas, estimulando o crescimento da actividade económica e melhorando a vida de todos no país.
“O nosso objectivo é que qualquer pessoa, independentemente da classe social, consiga utilizar os nossos serviços de forma acessível, segura e cómoda. Queremos continuar a trabalhar com as autoridades locais”, ambiciona o director-geral da Yango em Moçambique.