80% do vestuário em segunda mão vendido informalmente

Um relatório encomendado pela ONG Humana revela que 80% do vestuário em segunda mão importado por Gana, Quénia e Moçambique dos 27 estados-membros da União Europeia (UE) foi vendido em mercados informais em 2023. Este estudo surge poucos meses antes da entrada em vigor da cláusula europeia sobre reciclagem, previsão para Janeiro de 2025. Intitulado…
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Um relatório da ONG Humana revela que 80% do vestuário em segunda mão importado pela Gana, Quénia e Moçambique da UE foi vendido em mercados informais em 2023, à espera de nova disposição europeia.
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Um relatório encomendado pela ONG Humana revela que 80% do vestuário em segunda mão importado por Gana, Quénia e Moçambique dos 27 estados-membros da União Europeia (UE) foi vendido em mercados informais em 2023. Este estudo surge poucos meses antes da entrada em vigor da cláusula europeia sobre reciclagem, previsão para Janeiro de 2025.

Intitulado “O impacto socioeconómico da indústria de vestuário em segunda mão em África e na UE27+”, o relatório, elaborado pela Oxford Economics, analisa os resultados económicos da recolha e exportação de vestuário usado para estes três países africanos. Em 2023, os países da UE lideraram o comércio mundial de vestuário usado, exportando 2,2 milhões de toneladas, no valor de 2,2 mil milhões de dólares (aproximadamente 2,01 mil milhões de euros).

Os principais exportadores da UE incluem Alemanha, Países Baixos, Polónia e Itália, enquanto o Reino Unido se destaca como o terceiro maior exportador mundial, após os Estados Unidos e a China.

O estudo indica que o setor de vestuário em segunda mão, responsável por 10% das emissões de gases com efeito de estufa, contribuiu com cerca de 7 mil milhões de euros (7,6 mil milhões de dólares) para o produto interno bruto (PIB). ) da UE27+ em 2023. Deste montante, o setor gerou 3 mil milhões de euros, com a Alemanha e o Reino Unido a contribuirrem com 670 milhões de euros e 420 milhões de euros, respetivamente.

A UE27+ veio diretamente 47% das importações de vestuário em segunda mão para o Gana, 13% para o Quénia e 18% para Moçambique. Karina Bolin, diretora de Têxteis Circulares para o Norte Global da ONG Humana, sublinhou a necessidade de os decisores políticos reconhecerem o valor desta indústria, apoiando-a com legislação e investimento para potenciar uma economia circular mais resiliente.

A nova coleta seletiva obrigatória de têxteis, que entrará em vigor em janeiro de 2025, imporá restrições adicionais aos operadores, que deverão separar maiores volumes de vestuário sem aumentar os seus lucros. O relatório conclui que é imperativo que as negociações entre o Parlamento, o Conselho e a Comissão Europeia comecem rapidamente para garantir a implementação eficaz das novas regras.

O lançamento do documento ocorreu numa videoconferência que contou com disciplinas de especialistas, incluindo Johanna Neuhoff, da Oxford Economics, Philippe Doliger, da Confederação Europeia das Indústrias de Reciclagem (EuRIC), e Marlvin Owusu, da Associação de Comerciantes de Vestuário Usado do Gana.

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