O escritor angolano José Eduardo Agualusa lança na próxima Sexta-feira, 25 de Outubro, em Portugal, o seu novo livro intitulado “Mestre dos batuques”, que descreve como “alternativa à história oficial da colonização numa Angola que são muitos países, muitas nações”.
O escritor, que habitualmente reside na Ilha de Moçambique, revelou que no novo livro regressa aos finais do século XX, no planalto central de Angola, para narrar a história do Reino de Bailundo, oferecendo, a partir daí, uma visão alternativa do que pode ter sido a história de um país, sobretudo no período colonial português.
Agualusa explicou que o livro começa no planalto central de Angola no início do século XX e é narrado por uma mulher que está nos dias de hoje a contar a história que, no fundo, é da sua família e de uma herança que ela recebeu.
“De certa maneira é um falso romance histórico, na medida em que acompanha a história de Angola até um certo ponto e a partir dali é uma outra história (…). Tem uma história alternativa, o Reino do Bailundo, que nunca chega a submeter-se ao poder colonial português, permanece independente até à independência de Angola”, contou o escritor citado pela Lusa.
A partir do “Mestre dos batuques”, avança a agência de notícias portuguesa, Agualusa defende que a colonização portuguesa em Angola, tal como em Moçambique, durou sete décadas, contrariamente aos 500 anos referenciados nas versões oficiais.
“É, em grande medida, sobre o Reino do Bailundo, que foi um dos últimos reinos em Angola a render-se ao poder colonial. Toda zona do planalto central de Angola, que tinha vários reinos como Bailundo, Bié, Huambo, permaneceram independentes até ao século XX”, declarou Agualusa.
“Normalmente, quando pensamos na história do colonialismo, sempre se repete esta ideia de que os portugueses estiveram em Angola 500 anos, não é verdade. Isso é verdade para as cidades do litoral, mas não é para, por exemplo, o planalto central de Angola que esteve sob o domínio colonial, na verdade, relativamente pouco tempo, 70 anos”, acrescentou o luso-angolano.
Com a obra, o escritor volta igualmente ao lugar de infância, explorando paisagens e geografias que estão guardadas na memória.
“Angola são muitos países no fundo, são muitas nações e muitas vezes essas diferentes nações conhecem-se mal. Acredito que, assim como as populações do centro do planalto central conhecem mal a história, por exemplo, do reino do Congo, provavelmente a maior parte das pessoas que vivem no norte não conhece tão bem a história das populações do sul”, conclui Agualusa.
*Napiri Lufánia