A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE) revelou que constatou “irregularidades durante a contagem e alterações injustificadas” nos resultados das eleições gerais moçambicanas, realizadas a 9 de Outubro. O comunicado divulgado destaca que essas irregularidades precisam de ser esclarecidas, uma vez que foram observadas tanto a nível das assembleias de voto como a nível distrital.
A MOE UE iniciou as suas atividades em Moçambique a 1 de Setembro de 2024, destacando 179 observadores para o dia das eleições. A missão já havia sido emitida uma declaração preliminar a 11 de Outubro sobre o processo eleitoral, afirmando que continuava a observar a contagem dos votos, apesar de alguns observadores terem sido impedidos de acompanhar os processos de apuramento em vários distritos e a nível nacional.
Para contribuir com a confiança e integridade do processo eleitoral, o MOE UE apela aos órgãos eleitorais para que conduzam a purificação de forma transparente e credível, garantindo a seleção dos resultados de cada mesa de voto. A chefe da missão, Laura Ballarín , sublinhou que a publicação dos resultados desagregados por mesa de voto é uma medida essencial para a integridade do processo eleitoral.
O comunicado do MOE UE surge num momento de crescente tensão em Moçambique, com confrontos entre manifestantes e a polícia em Maputo, desencadeados pelo uso de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar uma marcha importada. Esta manifestação foi convocada pelo candidato presidencial em protesto contra o duplo homicídio de dois apoiantes e em contestação aos resultados eleitorais do apuramento intermediário.
De acordo com a Lusa, a MOE UE condenou os assassinatos de Elvino Dias e Paulo Guambe , apela à contenção de todos e ao respeito pelas liberdades fundamentais e direitos políticos. Além disso, reafirma que cabe à administração eleitoral específicas as irregularidades e ao Conselho Constitucional resolve-las durante o processo de validação dos resultados, respeitando a vontade dos concorrentes.
A missão europeia permanecerá em Moçambique para acompanhar as próximas fases do processo eleitoral e, posteriormente, publicará um relatório final com uma avaliação e recomendações para melhorar o quadro eleitoral.