Pepek: a Rent a Car que começou com apenas um carro e conquista o mercado

Pedro Kilombo, nasceu há 37 anos, na província do Soyo. Veio de uma família humilde, mas bem educada e, em 2012, fundou na província angolana do Huambo o Pepek Group Rent a Car. Em conversa com a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o empresário partilha detalhes da sua jornada inspiradora, desde os primeiros passos à fundação do…
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A história da empresa fundada por Pedro Kilombo, há 12 anos, que vem se impondo e anseia liderar o mercado angolano de aluguer de viaturas, hoje com uma frota de 106 carros de alto padrão.
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Pedro Kilombo, nasceu há 37 anos, na província do Soyo. Veio de uma família humilde, mas bem educada e, em 2012, fundou na província angolana do Huambo o Pepek Group Rent a Car.

Em conversa com a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o empresário partilha detalhes da sua jornada inspiradora, desde os primeiros passos à fundação do seu grande império.

“Eu tive a ideia de criar a minha empresa de aluguer de carros, no ano de 2012, quando saia da capital do país, isto é, de Luanda, para o Huambo, província ao sul de Angola, em missão de serviço, porque na época pertencia a uma outra empresa”, começa por contar Pedro.

O jovem empresário explica que, ao chegar ao Huambo, notou a escassez de viaturas que pudessem facilitar a locomoção, tanto dos visitantes tanto dos residentes. “Havia muita procura, por parte de turistas que visitavam a cidade, e pouca oferta, porque à época não existiam muitas Rent a Cars e as poucas que lá estavam não eram de qualidade”, refere.

Com visão empreendedora, Pedro Kilombo viu no Huambo o cenário ideal para projectar aquele que veio a se tornar no seu maior negócio, nascendo daí a “brilhante” ideia de criar uma Rent a Car. Tudo começou com apenas um único carro, que era o seu pessoal, e sem um espaço comercial físico.

“Havia muita procura, por parte de turistas que visitavam a cidade, e pouca oferta, porque à época não existiam muitas Rent a Car e as poucas que lá estavam não eram de qualidade”

Não hesitou em arriscar e começou a fazer investimentos para criação de uma empresa. Desfez-se do emprego que tinha por conta de outrem e começou a publicitar o seu, utilizando a estratégia de marketing “boca-a-boca” e resultou. Em pouco tempo, a clientela foi crescendo, adquiriu mais dois carros e conseguiu um espaço próprio para instalar a sua pequena empresa.

O foco foi direccionado ao segmento corporativo e foi fechando contratos grandes com várias empresas, que se tornaram lucrativos e alavancaram o crescimento da Pepek Rent a Car. Aos poucos, a empresa de aluguer de viaturas fundada por Pedro foi ganhando visibilidade no mercado. A Pepek ganhou ainda mais notoriedade, em 2017, altura em que Huambo acolheu uma reunião do Conselho de Ministros orientada pelo Presidente da República de Angola, João Lourenço, que tinha acabado de ser eleito.

“Cinco anos depois de eu ter fundado a empresa, o Presidente da República decidiu realizar uma reunião do Conselho de Ministro na província do Huambo. Membros do Ministério dos Transportes procuraram e avaliaram Rent a Cars capacitadas para apoiar o evento com transportes. Analisaram a estrutura da minha empresa, que na altura encontrava-se instalada no aeroporto local, e para a minha surpresa a Pepek foi a escolhida para prestar os serviços de alugueres de carros para apoiar”, lembra acrescentando, ter sido aquele o primeiro contrato que fez com o Estado.

“Aquele evento fez com que eu ganhasse muita visibilidade e confiança para o mercado angolano. Tive a oportunidade de muitas empresas e Ministérios conhecerem-me, pela qualidade de serviço que eu prestei naquela actividade”, realça o CEO do Grupo Pepek, para quem aquele foi o melhor momento da sua trajectória como empresário. “Para ser uma Rent a Car de sucesso em Angola deve-se ter muitos contratos com grandes empresas do país”, aponta.

O regresso a Luanda

Em 2018, Pedro regressa a Luanda, aonde decide abrir um espaço. O processo, diz, não foi fácil, uma vez ter encontrado muitos impasses para instalar a sua Rent a Car. Mas como sempre foi um homem persistente, considera-se, não desistiu. Dois anos depois, começou a conquistar o mercado e a ter no seu portfólio “bons e grandes clientes” e depois foi só “somar sucessos”.

Segundo Pedro Kilombo, até ao momento terá já investido na empresa cerca de 1,8 mil milhões de kwanzas (quase 2 milhões de dólares). Hoje olha para o crescimento da empresa e vê o concretizar de um sonho. A empresa conta actualmente com uma frota de 106 carros, boa parte deles topo de gama e, de dois colaboradores no arranque (sendo ele próprio um dos dois), emprega neste momento 49 pessoas, com uma rede de 68 prestadores de serviço.

“De um carro para 106 carros: assim cresceu a minha empresa com muito esforço e trabalho árduo”, diz visivelmente orgulhoso, acrescentando que cinco províncias de Angola têm um espaço físico da sua empresa, nomeadamente Huambo, Benguela, Luanda, Huíla e Cabinda, sendo que tem também representações em todas as demais províncias do país, sem, no entanto, um espaço físico. “Nós trabalhamos com muitas empresas de todo o país. Então, somos obrigados a ter representações em todas elas, com viaturas e parceiros que trabalham connosco “, explica.

Em breve, perspectiva abrir um novo espaço no Novo Aeroporto Internacional Dr. Agostinho Neto, situado no município do Icolo e Bengo, em Luanda, que se irá juntar aos dois que já existem na capital angolana, um no bairro Benfica e outro na zona de Talatona, acabado de ser inaugurado no passado dia 22 de Outubro do ano em curso, acto testemunhado por familiares, amigos e várias figuras públicas.

“Em Angola, o maior problema do negócio de venda de viaturas são as divisas. Com a realidade actual, não tenho como nem tenciono investir no negócio de compra e venda de carros”

Com um total de 106 carros de alto padrão, os preços dos alugueres das viaturas variam entre 49 mil kwanzas, o mais baixo (Hyundai i10) e 800 mil kwanzas, o mais alto (Lexus X606), ambos para um período de 24 horas, ou seja, um dia. Neste momento, o carro com maior valor de mercado que integra a frota da Pepek é o Mercedes Benz G63, que estará a custar cerca de 331 mil dólares.

“Os alugueres dos meus carros são para todos os bolsos, mas os meus maiores clientes são a Sonangol, os órgãos de apoio ao Presidente da República, Unicef, Unitel, BFA, BAI e muitas outras grandes empresas”, revela, justificando que o foco principal do seu negócio são as empresas “porque os particulares destroem as viaturas”. Como disse, sorrindo, “ao alugar um carro no individuo particular, tens de orar muito para a viatura voltar em condições”. 

Questionado se pensa um dia em enveredar para o segmento de venda de automóveis no país, diz não ser sua intenção, pelo menos por enquanto, dada a actual conjuntura económica do país. “Em Angola, o maior problema do negócio de venda de viaturas são as divisas. Com a realidade actual, não tenho como nem tenciono investir no negócio de compra e venda de carros”, afirma. Entretanto, revelou estarem a investir na venda de viaturas no estrangeiro, propriamente na cidade do Porto, em Portugal.

Pedro Kilombo definiu como a sua maior ambição transformar a Pepek numa das melhores Rent a Cars do país, garantindo estar num bom caminho para o alcance desta meta. No entanto, o acesso às divisas para aquisição de peças para a manutenção das viaturas e o “péssimo estado” de alguma estradas, têm sido os principais desafios enfrentados pelo empreendedor.

Por outro lado, Kilombo diz que não é tarefa fácil ser dono de uma Rent a Car. Explica que requer viajar muito e dormir quase sempre fora de hora, à esperar que os clientes façam a entrega das viaturas alugadas. “Os nossos serviços têm sido solicitados por todos os maiores eventos organizados ou realizados no país. Não há um evento de grande potencial cá em Angola que não somos chamados, pela qualidade de serviço e carros que temos”, garante.

A Pepek Rent a Car, que viu a esposa do seu fundador e filhos a entrarem como sócios, prevê, de acordo com Pedro Kilombo, fechar o ano 2024 com um lucro, só de aluguer de viaturas, de cerca de 904 milhões de kwanzas, aproximadamente 1 milhão de dólares. “Este é o melhor ano da minha empresa”, considera, bem no fecho da conversa com a FORBES.

*Napiri Lufánia

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