Um estudo da Deloitte indica que a grande maioria das organizações a nível global está a priorizar acções que visam reforçar a cibersegurança, evidenciando a ligação crescente entre esta área e os resultados obtidos.
Denominado “Global Future of Cyber Survey 2024”, o relatório baseado num inquérito a cerca de 1 200 líderes empresariais das áreas tecnológicas, mostra que, em concreto, 86% das empresas ouvidas estão a implementar acções para melhorar a cibersegurança em grau moderado ou elevado, reflectindo uma compreensão alargada da importância de programas sólidos de cibersegurança para garantir a sua eficácia.
“Além disso, 85% dos inquiridos esperam alcançar os resultados comerciais desejados em consequência do aumento das suas actividades de cibersegurança. Conclui-se assim que a ligação entre a cibersegurança e o valor comercial esperado nas empresas é cada vez mais forte”, lê-se no estudo.
A nível global, o documento revela que as organizações classificadas com elevada maturidade cibernética têm, em média, mais 27 pontos percentuais de probabilidade de alcançar os seus objectivos comerciais, em comparação com organizações menos maduras.
Os principais benefícios esperados com as iniciativas de cibersegurança incluem a protecção de propriedade intelectual, a melhoria na detecção e resposta a ameaças e incidentes e o aumento da eficiência e agilidade operacionais na gestão da função cibersegurança, cada vez mais essencial no dia a dia dos agentes económicos.
As consequências de incidentes de cibersegurança continuam a ter impacto significativo nas organizações. Este ano, a perda de confiança na integridade tecnológica foi identificada como a primeira e principal preocupação na lista, subindo do sexto lugar do ano anterior, diz a consultora.
As perturbações operacionais, acrescenta, surgem como a segunda maior preocupação, seguidas de perdas reputacionais, impacto negativo na retenção e recrutamento de talento e, por fim, perda de receitas.
Relativamente às ameaças, 42% dos inquiridos referem os cibercriminosos e os terroristas como as suas principais preocupações. 40% dos inquiridos admitem terem reportado publicamente seis a dez tentativas de ataques cibernéticos no último ano.
“Ao mesmo tempo, as organizações estão a recorrer cada vez mais à inteligência artificial na cibersegurança para ajudar a melhorar a identificação e a resposta às ameaças, sendo que 39% dos inquiridos estão a utilizar tecnologias de IA nos seus programas de cibersegurança em grande medida, e 34% estão muito preocupados quanto a riscos relacionados com a IA como parte da estratégia de cibersegurança”, avança o documento.
Para lidar com estes desafios, 57% das empresas planeiam aumentar os orçamentos de cibersegurança nos próximos 12 a 24 meses e 58% e esperam integrar os custos de cibersegurança nos orçamentos de outros programas de transformação estratégicos, como transformação digital, TI e investimentos na nuvem.
De acordo com Partner da Deloitte, António Veríssimo, a cibersegurança é actualmente um factor essencial de salvaguarda para que as organizações sejam reconhecidas como seguras e confiáveis, uma vez que lidam com cada vez mais dados e transacções sensíveis dos seus clientes e restantes parceiros de negócio.
“Nessa medida é necessário redobrar os esforços para minimizar o crescente risco de potenciais ataques cibernéticos à medida que as plataformas tecnológicas estão cada vez mais digitais, integradas e globais. Pelas conclusões deste estudo, vemos que as organizações vão continuar a investir em estratégias de preparação e prevenção, o que no médio/longo prazo poderá evitar situações de crise”, perspectivou.