O Governo angolano garante estar a construir um modelo sustentável próprio, dando prioridade ao combate à corrupção e branqueamento de capitais para fortificar as instituições e promover um ambiente de negócios ético, alinhado aos princípios ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa).
A informação foi avançada esta Quinta-feira, em Luanda, pela presidente do conselho de administração da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), Filomena Manjata, durante a conferência “ESG em Angola: Desafios e Oportunidades”.
Falando em representação da ministra das Finanças, Vera Daves, a responsável sublinhou que a boa governação não é apenas uma exigência dos investidores, mas uma necessidade para o crescimento sustentável e inclusivo de Angola.
“A sustentabilidade não deve ser vista como uma imposição externa. Angola não está apenas a reagir às exigências ESG, é a nossa escolha estratégica para assegurar o desenvolvimento duradouro e inclusivo do nosso país”, disse.
Filomena Manjata acredita que o investimento na boa governação, na protecção ambiental e na justiça social podem garantir maior estabilidade económica e política de longo prazo.
“Por isso, reafirmamos aqui o compromisso do Governo de Angola garantir em continuar a construir um ambiente económico sólido, sustentável e atractivo ao investimento. A cooperação entre Angola e os nossos parceiros, como a União Europeia e Portugal, será fundamental para superar os desafios e aproveitar as oportunidades deste novo paradigma global”, considerou.
Segundo a PCA, os mecanismos financeiros para impulsionar a transição precisam de ser não apenas acessíveis, mas também flexíveis para realidades diferentes, sendo crucial que sejam estabelecidos instrumentos financeiros inovadores, como obrigações sustentáveis e mecanismo de financiamento misto, que permitam o acesso a recursos para implementação de políticas ESG em Angola e em toda África.
“A emissão de dívida soberana e corporativa estará cada vez mais condicionada a objectivos de sustentabilidade, o que exige preparação e adaptação por parte dos nossos sectores financeiro e empresarial”, precisou.
Durante a sua intervenção, Manjata realçou que os desafios da sustentabilidade para Angola e para o continente africano são evidentes, enaltecendo que a descarbonização, um dos pilares das metas climáticas globais, é tecnologicamente exigente e dispendiosa.
“Se não houver um apoio robusto ao investimento em tecnologias limpas e no fortalecimento do capital humano corre-se o risco de acentuar as desigualdades globais. Angola já está a trabalhar nesta transição, em particular no domínio da diversificação das fontes de energia”, informou.
Mas, de acordo com a presidente do conselho de administração da ARSEG, a implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 deve considerar estas assimetrias e garantir mecanismos financeiros que permitam aos países em desenvolvimento fazer esta transição de forma justa e equitativa.
“O futuro de Angola dependerá da nossa capacidade de equilibrar crescimento económico e responsabilidade ambiental e social. Temos a oportunidade de transformar desafios em oportunidades, fomentando um ambiente de negócios que valorize a transparência, a inclusão e a eficiência dos nossos recursos. A transparência e a integridade são elementos fundamentais para que o desenvolvimento sustentável de materialize”, acrescentou.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA), João Traça, afirmou que as grandes empresas globais já incorporam estes princípios nas suas estratégias, os bancos ajustam os seus financiamentos a métricas sustentáveis e as novas gerações exigem que sustentabilidade e negócios caminhem juntos.
Para João Traça, ESG não é apenas uma exigência regulatória ou uma tendência corporativa global, mas uma enorme oportunidade para Angola e Portugal se posicionarem como mercados competitivos, inovadores e sustentáveis.
“Empresas que integram ESG nas suas estratégias atraem mais investimento, reduzem riscos e constroem relações empresariais mais fortes e duradoras”, ressaltou.
Sustentou ainda que não há dúvidas de que a sustentabilidade será um critério determinante no futuro das exportações, no financiamento internacional e em sectores estratégicos como a energia, a indústria e o turismo.