Texto: Hamilton Viage
Eunice de Carvalho tornou-se uma angolana na linha da frente quando, em 2013, assumiu o cargo de presidente da Chevron Brasil, num momento em que a petrolífera americana
perdeu a licença de exploração naquele país, tendo-lhe cabido a missão e ainda o feito de a recuperar.
Em 2011, quando a Chevron foi suspensa de operar no Brasil, por um período de dois anos, em virtude do derrame de mais de três mil barris de petróleo na Bacia de Campos, o qual levou ao
afastamento do então presidente da companhia naquele país, Eunice de Carvalho foi indicada para liderar a operação de restruturação da petrolífera.
Na época, o sector petrolífero vivia uma forte agitação a nível internacional por causa de vários derrames que se sucediam em vários pontos, com maior destaque para o derrame da bacia do
Macondo no Golfo do México, considerado um dos maiores de sempre, pois foi muito significativa a quantidade de ouro negro que se perdeu no mar com a explosão da plataforma
Deepwater Horizon da British Petroleum (BP).
A sua nomeação foi feita com base numa vasta experiência que demonstrou ao longo de seis anos, enquanto membro do conselho da administração e responsável pelas áreas de comunicação interna e externa, responsabilidade corporativa e relações institucionais da Chevron Angola. “A companhia tinha perdido a sua licença para operar, o presidente, na altura, foi acusado criminalmente com mais 11 pessoas, por isso houve necessidade de ter alguém no Brasil que compreendesse o negócio, as relações governamentais, comunicação e relações públicas”, revela em entrevista à Forbes, via Skype.
Perante a proposta, Eunice de Carvalho não hesitou em assumir o desafio de liderar a restruturação das operações da companhia no maior país da América Latina, pois, além do know-how sobre negociações de contratos petrolíferos, tinha uma vasta experiência internacional adquirida nos Estados Unidos da América, onde se formou e trabalhou durante 21 anos.
A então presidente da Chevron Brasil, fez um longo caminho, tendo usado todo o seu conhecimento em negociações. Durante esse período, foi recebida por dois ministros da Energia e Petróleos do Brasil e pela então presidente Dilma Ruosself. “Não estava à procura de ir para o Brasil, vivi 21 nos EUA e tinha estado em Angola apenas seis anos, e vim para ficar perto da minha família”, mas, de repente, lembra, “tinha esta oportunidade única para ir liderar o negócio da Chevron neste país, e num momento desafiador, foi isso que me levou a aceitar”, acrescenta.
Esta experiência inédita, não apenas pelo tamanho do desafio, mas por se tratar de uma mulher a liderar um escritório com cerca de 300 homens, conduziu-a à recuperação da licença
no Brasil, bem como à obtenção de resultados acima do planeado. Isto num contexto onde “eu era a única mulher, negra e estrangeira, e com aquele desafio tremendo”, recorda.
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