Banco de Cabo Verde ‘destapa’ 8 riscos que ameaçam a estabilidade financeira do país

O Banco Central de Cabo Verde (BCV) identificou, ao longo de todo ano 2020, um total de oito vulnerabilidades e vários riscos que ameaçam a estabilidade financeira do país, em que se destacam a dimensão reduzida da economia, o elevado grau de exposição a choques externos, o ainda elevado nível de incumprimento na banca e…
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Regulador do mercado financeiro cabo-verdiano conclui que pandemia piorou ainda mais a situação económica do país, forçando um recuo de perto de 15% na riqueza nacional, em 2020.
Economia

O Banco Central de Cabo Verde (BCV) identificou, ao longo de todo ano 2020, um total de oito vulnerabilidades e vários riscos que ameaçam a estabilidade financeira do país, em que se destacam a dimensão reduzida da economia, o elevado grau de exposição a choques externos, o ainda elevado nível de incumprimento na banca e o aumento do volume de activos não produtivos, no balanço das instituições.

Os oito factores de riscos para as finanças cabo-verdianas estão expressos no último relatório de estabilidade financeira referente a 2020, consultado pela FORBES, e são justificados com as consequências da pandemia da Covid-19, que já provocou a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em perto de 15%.

Da lista dos riscos à estabilidade financeira local, destaque para contracção da procura dirigida ao país, redução do investimento externo e agravamento das contas externas. Aliás, por conta da pandemia, as empresas do sector do turismo, responsáveis por parte substancial do PIB do arquipélago, caíram 83%.

O sector financeiro bancário também está a sofrer com os impactos da Covid-19. No relatório da entidade reguladora do sector no país, o aumento do incumprimento no serviço da dívida bancária e redução da rendibilidade ocupam a segunda posição, o que revela a importância deste segmento na vida económica daquele arquipélago.

Aos riscos somam-se ainda a redução da qualidade da carteira de empréstimos e o aumento dos níveis de incumprimento, forte pressão sobre os fundos próprios, aumento da exposição directa ao imobiliário e possibilidade de fire sales, numa economia que tem o turismo como importante ferramenta de captação de negócio estrangeiro.

Disrupção no fornecimento de serviços e/ou operações financeiras, perdas financeiras e redução da confiança na transformação digital são também apontados como sendo riscos elevados.

Segundo o relatório do BCV, os actuais dez bancos comerciais que actuam no mercado cabo-verdiano estão a sofrer ainda com a redução da rendibilidade, da liquidez e solvabilidade, além do aumento da probabilidade de incumprimento.

Com isto, já se verifica, segundo ainda a lista de riscos, a  redução do financiamento e dos níveis de liquidez e aumento da interconectividade entre sectores económicos. Os bancos estão igualmente a ficar sem liquidez, o que pressiona a rendibilidade da banca e da qualidade dos empréstimos ao sector público.

 

Exposição ao exterior entre as vulnerabilidades

Já da lista de vulnerabilidades, o BCV indica o elevado grau de exposição estrutural e de dependência do país face ao exterior e o elevado volume de activos não produtivos no balanço das instituições como os factores de maior preocupação, além da elevada exposição face a operações de relevo das grandes empresas.

Por sua vez, os depósitos a prazo ou de contas aplicadas de cabo-verdianos também estão a sofrer com a queda da economia. Desde o início da pandemia, as poupanças nos bancos desceram para 84,5 milhões de dólares.

Na moeda local, o escudo, este valor está avaliado em 8.007 milhões, menos 0,8% face ao total registado em Junho. Entretanto, em Março de 2020, antes da Covid-19, essas poupanças cifravam-se em 6.847 milhões de escudos.

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