Banca angolana com défice de 3 mil Máquinas de Pagamento Automático

Na semana em que se inicia o pagamento de salários da Função Pública e do sector privado, a FORBES, num trabalho de pesquisa sobre o Sistemas de Pagamento Angolano, apura que, em todo o país, a banca angolana trabalha, há mais de três anos, com pouco mais de três mil Máquinas de Pagamento Automático (ATMs,…
ebenhack/AP
Dos mais de 6 mil ATMs necessários para dar resposta à procura, os 25 bancos que operarem no mercado disponibilizam apenas pouco acima de 3 mil, mais de metade concentrados na capital, Luanda.
Economia

Na semana em que se inicia o pagamento de salários da Função Pública e do sector privado, a FORBES, num trabalho de pesquisa sobre o Sistemas de Pagamento Angolano, apura que, em todo o país, a banca angolana trabalha, há mais de três anos, com pouco mais de três mil Máquinas de Pagamento Automático (ATMs, no acrónimo em inglês), número no entanto inferior ao que necessário para responder a procura dos clientes bancários do país.

Ao todo, seriam necessários o dobro de aparelhos, ou seja mais de seis mil ATMs (conhecidos vulgarmente entre os usuários como multicaixas), para se colocar fim às pressões que os bancos vivem, sobretudo por altura de pagamentos de salários nas empresas públicas e privadas, segundo apurou a FORBES de fonte da administração da Empresa Interbancária de Serviços (Emis).

Para ser preciso, actualmente, os 25 bancos comerciais angolanos contam apenas, nas suas operações de dispensação de notas de kwanza fora do balcão, com apenas 3.188 máquinas de pagamento, sendo que mais de metade, destas, concretamente 1.860 (58,3%) do total, estão concentradas na capital angolana, Luanda.

Aliás, é mesmo em Luanda onde já se assiste, desde a meio desta semana, grandes fluxos de pessoas à boca das agências bancárias. Isto deve-se, por um lado, a pouca ou reduzida penetração das caixas de pagamento automáticas, e, por outro, pelo ainda baixo nível de literacia financeira da população bancarizada, que prefere muitas vezes o atendimento ao balcão aos novos canais digitais.

Depois de Luanda, Benguela é província que reúne o segundo maior número de ATMs, com um total de 272 máquinas, seguido da província da Huíla, que, até Agosto, concentrava um total de 163 aparelhos de controlo e dispensação automática de notas.

Desde 2017 que o número de “multicaixas” não sai da ‘casa’ das 3.188 máquinas. De acordo com fonte oficial da Emis, para que se ultrapassem as problemáticas que se assistem à boca de várias ATMs e até aos balcões, na capital e noutras paragens de Angola, seriam exigíveis um número de aparelhos iguais ou superiores aos actuais.

Outra fonte da mesma instituição justifica que o número de máquina não aumenta devido os custos com a aquisição e manutenção dos aparelhos. A FORBES sabe, entretanto, que, para a compra de um ATMs, os bancos desembolsam um total de 10 mil dólares norte-americanos, além das despesas que este deverão arcar com a manutenção.

Face a estas dinâmicas, e as recorrentes queixas de escassez de notas nos ATMs, o Banco Nacional de Angola (BNA) fez sair uma directiva que autoriza o levantamento de notas através dos Terminais de Pagamento Automático (TPAs), como forma de acabar com as enchentes e filas nos multicaixas.

Este procedimento foi concebido pelo banco central para permitir que os clientes dos 25 bancos comerciais angolanos possam, através dos TPAs, com o regulador a determinar no instrutivo nº12/2021, publicado no website, que a operação não deve custar mais do que 1% de comissão a quem se socorrer do referido serviço.

 Emis demarca-se da responsabilidade sobre escassez de notas em ATMs

Como responsável do sistema que suporta a também designada “Rede Multicaixa”, de que deve velar pelo seu bom funcionamento e segurança, a Emis – entidade que tem os bancos comerciais e o banco central como accioistas, demarca-se das responsabilidades referentes à colocação de notas nas ATMs.

“A logística pelos carregamentos de notas e papel é dos bancos, não obstante haver protocolos de monitoramento entre estes e a Emis, no sentido de se conhecer e informar o estado de disponibilidade de cada Caixa Automática, num determinado momento”, referiu em tempos, o administrador executivo da empresa, Joaquim Caniço.

Ao responder à pergunta sobre a escassez de notas que muito se assiste em épocas de pagamento de salário da função pública e do sector privado, o também porta-voz da Emis, avançou que, dos registos que a empresa dispunha, não se trata de anomalias no funcionamento da Rede Multicaixa quando não há dinheiro. Segundo o gestor, trata-se de uma “questão de logística”, matéria da responsabilidade dos bancos comerciais.

“É de notar que a procura por numerário, na prática, acentua-se no final de cada mês, devido aos pagamentos dos salários e pensões e, com isso, os esforços de logística dos bancos”, justificou Caniço.

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