O Presidente de Angola e da União Africana (UA), João Lourenço, defendeu esta Segunda-feira, 23, que o continente deve intensificar e acelerar ainda mais os processos em curso de integração económica continental, para desbloquear plenamente o potencial dos países africanos.
O chefe de Estado discursava na 17.ª edição da Cimeira de Negócios EUA-África, que reúne mais de 1500 delegados, entre líderes políticos, empresários e investidores dos dois continentes, numa iniciativa da Corporate Council on Africa (CCA).
“Precisamos de corredores logísticos mais funcionais, regras comuns que facilitem a mobilidade de capitais, de mercadorias e de pessoas. O fortalecimento da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) é, por isso, uma prioridade estratégica e representa uma extraordinária oportunidade para partilha de infra-estruturas, de conhecimento, mercados e atracção de investimentos”, assegurou.
Para torná-la uma realidade e garantir o desenvolvimento económico de África, considerou João Lourenço o continente vem lutando junto das instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional.
“África luta igualmente junto de outras congéneres e da banca condições mais justas e favoráveis de financiamento para o necessário investimento público em infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias, de energia e água, de tecnologia de informação e comunicações”, afirmou o Presidente angolano.
João Lourenço aponta que as oportunidades de investimento privado directo estão em áreas-chave que correspondem tanto às prioridades do continente como às vantagens comparativas das empresas norte-americanas, na qual destacamos as energias renováveis, a agroindústria e segurança alimentar, perante uma disponibilidade de milhões de hectares de terras aráveis, abundância de recursos hídricos, bom clima, grande oferta de mão de obra jovem e uma necessidade crescente de modernização tecnológica e das tecnologias digitais, onde a inovação africana se cruza com a capacidade de investimento americana para criar soluções escaláveis.
“Destacamos também os minerais estratégicos, incluindo os minerais críticos para a transição energética global, cuja exploração responsável pode transformar as nossas economias e sociedades. Neste capítulo, esperamos mais do que capital, contamos com parcerias que se enquadrem na soberania dos nossos países, que valorizem o conteúdo local, que promovam a transferência de conhecimento e que contribuam para a geração de empregos qualificados”, frisou.
Este Fórum, sublinhou, deve ser visto como uma peça importante nas relações económicas entre África e os Estados Unidos da América.
“África já não é apenas um continente de grande potencial de riqueza mineral, de recursos hídricos e florestais, de crescimento demográfico inigualável, é cada vez mais um continente de decisões transformadoras e projectos concretos. Pretendemos e estamos a trabalhar para electrificar e, consequentemente, industrializar nossos países, acrescentando valor às nossas matérias-primas, aumentando a oferta de postos de trabalho, para evitar o êxodo dos nossos jovens que constituem nosso maior activo, fazerem a perigosa e humilhante travessia pelo Mediterrâneo com destino para a Europa e outros lugares na busca de emprego e condições de vida”, detalhou.
Do Norte ao Sul e do Atlântico ao Índico, prosseguiu o também Presidente da União Africana, multiplicam-se investimentos estruturantes que estão a moldar um novo panorama económico africano, desde o Corredor do Lobito, que vai ligar por linha férrea o porto do Lobito no oceano Atlântico, ao porto de Dar-Es-Salam no oceano Índico e promete transformar o comércio intra-africano e intercontinental, às zonas económicas especiais em expansão no continente, passando pelas iniciativas em curso para desenvolver cadeias de valor regionais em sectores como os minerais críticos, a agricultura e a energia, apenas para citar alguns.