“Investimento em Inteligência Artificial ou em digitalização é praticamente inexistente em Angola” – New Cognito

O investimento em Inteligência Artificial ou em digitalização é praticamente inexistente em Angola, apenas 4% do investimento foi feito em dados e IA, sendo que cerca de 19% em processos de transformação digital, afirmou recentemente, o CEO da New Cognito, Sérgio Lopes, durante o VIII Fórum Telecom, considerando que o país não está no ponto…
ebenhack/AP
Face a este cenário, o CEO da New Cognito defende que o Angola não pode ignorar esta onda da IA e da digitalização, sendo também crucial ter em consideração a capacidade do sistema financeiro nacional em investir e financiar grandes projectos.
Economia

O investimento em Inteligência Artificial ou em digitalização é praticamente inexistente em Angola, apenas 4% do investimento foi feito em dados e IA, sendo que cerca de 19% em processos de transformação digital, afirmou recentemente, o CEO da New Cognito, Sérgio Lopes, durante o VIII Fórum Telecom, considerando que o país não está no ponto que deveria estar, “existe um défice enorme de capacitação”.

“Olhar para este triângulo transporta-nos para um cenário de um país em que, nos últimos quatro anos, do investimento concretizado em tecnologia, 69% foi feito em infra-estruturas de telecomunicações”, disse Sérgio ao debater ‘O Triângulo da Digitalização – Serviços Digitais, IA e as Telecomunicações’.

Sérgio Lopes, alertou que é necessário olhar para a base, que são as pessoas e para a sua capacitação, afirmando que nos últimos quatro anos, Angola tem feito apenas investimentos relevantes em telecomunicações.

Segundo o responsável, a academia e os institutos do ensino médio, actualmente, não têm os seus programas curriculares adaptados para o desafio que têm pela frente. “Falarmos de digital, IA e dados, quando depois a academia não caminha lado a lado, é desafiante e complexo”, disse.

Por outro lado, Sérgio Lopes destacou outros dos desafios que passam pela regulamentação e legislação, por uma estratégia à escala nacional que não pode, de forma alguma, deixar de fora os vários sectores de actividade.

“E aqui temos, provavelmente, outro grande desafio. Quem é que, efectivamente, investe hoje em tecnologia ou em jornadas digitais em geral? As telcos, cerca de 66% do budget, e depois os bancos e as seguradoras, com 20 a 25%. Porque o próprio Governo investe 6 a 8%, sendo que na saúde e na educação é praticamente residual”, referiu, acrescentando ainda que  nos boards das principais instituições nacionais, a presença de pessoas da área da tecnologia é também praticamente inexistente.

Face a este cenário, o CEO da New Cognito defendeu que o Angola não pode ignorar esta onda da IA e da digitalização, sendo também crucial ter em consideração a capacidade do sistema financeiro nacional em investir e financiar grandes projectos.

“A capacidade que os bancos têm, hoje, para financiar grandes projectos, é reduzida. Se olharmos para o peso do sector financeiro no Produto Interno Bruto, o mesmo corresponde a cerca de 30%, quando noutras geografias é sempre acima de 100 e 200%”, referiu Sérgio Lopes, defendendo que reflectir sobre o triângulo da digitalização exige olhar para a base que o suporta as pessoas, o Governo, a estratégia e a capacidade para o financiar.

Mais Artigos