O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique cortou, pela décima vez consecutiva, a taxa de juro de política monetária MIMO, em 0,50 pontos percentuais, para 9,75%, anunciou o governador, Rogério Zandamela.
“Esta medida decorre essencialmente da manutenção das perspetivas da inflação em um dígito no médio prazo, reflectindo em parte a estabilidade da taxa de câmbio e a tendência favorável dos preços internacionais de mercadorias, não obstante a prevalência a nível doméstico de elevados riscos e incertezas associados às projecções”, disse o governador, em conferência de imprensa, em Maputo, no final da reunião do CPMO, que se realiza a cada dois meses.
A taxa de juro directora em Moçambique esteve fixada em 17,25% desde Setembro de 2022, após a intervenção do banco central, que depois iniciou cortes consecutivos a partir de 31 de Janeiro de 2024, quando reduziu para 16,5%.
Em Março do ano passado o Banco de Moçambique cortou para 15,75%, em Maio para 15%, em Julho para 14,25%, em Setembro para 13,5%, em Novembro para 12,75%, em Janeiro deste ano para 12,25% e em Março para 11,75%, seguindo-se novo corte em Maio, para 11,00%, em Julho para 10,25% e agora para 9,75%.
“O CPMO continuará com o processo de normalização da taxa mínimo no médio prazo, porém, em magnitudes modestas – eu diria cada vez mais modestas -, o ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspectivas da inflação, bem como da avaliação de riscos e incertezas subjacentes às projecções do médio prazo”, disse ainda.
O governador recordou que este “processo de normalização” foi iniciado no início de 2024, com um prazo então estimado, e agora concretizado, de “24 a 36 meses”, acabando “beneficiando” famílias, empresas e o Estado, ao acumular uma descida de 700 pontos percentuais.
“Foi um ganho enorme no sistema”, apontou, embora reconhecendo que a taxa de juro de referência dos bancos para os seus clientes também “reduziu substancialmente”, cerca de 600 pontos percentuais no mesmo período, mas sem acompanhar totalmente a descida na taxa directora do banco central, por depender do perfil de clientes.
Zandamela acrescentou que, para o médio prazo, “antevê-se uma recuperação gradual da actividade económica” em Moçambique, “favorecida, em parte, pelas perspectivas de implementação de projectos em áreas estratégicas”.