“Angola quer um sistema logístico moderno, eficiente e inclusivo, capaz de servir pessoas e empresas, promover a inovação e aproximar economias”. A afirmação é do ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, durante a abertura da 1.ª edição da Angola Hub Transporte e Logística Summit, que decorre em Luanda sob o lema “Conectando Oportunidades, Gerando Valor Global”.
“Ambicionamos um sistema logístico que sirva as pessoas e as empresas, que promova eficiência, inovação e respeito pelo meio ambiente, que aproxime as economias e seja um ponto de encontro entre culturas”, afirmou Massano, em representação do Presidente João Lourenço.
Na visão do governante, o encontro representa uma oportunidade para reforçar parcerias público-privadas, atrair investimentos inovadores e dar voz às startups africanas, cujas soluções tecnológicas estão a redefinir a mobilidade, a integração e a sustentabilidade no continente.
O evento reúne, em Luanda, representantes de 17 países africanos, entre os quais Angola, Botsuana, Comores, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Zâmbia, para debater o futuro da mobilidade, conectividade multimodal e modernização logística, pilares considerados decisivos para a integração regional e competitividade global das economias africanas.
Massano destacou que o Executivo tem vindo a implementar reformas estruturais e políticas de desenvolvimento que visam ultrapassar vulnerabilidades macroeconómicas, tornando Angola mais competitiva, conectada e inclusiva.
Entre as acções com impacto directo no sector, o ministro referiu a modernização das infra-estruturas portuárias, ferroviárias, rodoviárias e aeroportuárias; o fomento de parcerias público-privadas como instrumento de investimento e partilha de conhecimento; e o reforço da integração regional através dos corredores de desenvolvimento que ligam Angola aos países vizinhos e ao continente.
“Com planeamento estratégico, estabilidade institucional e cooperação internacional, as vulnerabilidades podem converter-se em oportunidades de construção de prosperidade partilhada”, disse Massano, reafirmando o compromisso do país com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a Agenda 2063 da União Africana.
O governante citou ainda o mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional, que alerta para as vulnerabilidades macroeconómicas persistentes na África Subsaariana, sublinhando a importância da melhor gestão tributária e da modernização de infra-estruturas, incluindo as digitais, para garantir resiliência e competitividade.
O “Angola Hub Transporte e Logística Summit” ocorre num contexto global marcado por rupturas nas cadeias de abastecimento, impactos climáticos, tensões geopolíticas e transformações tecnológicas profundas, que desafiam os modelos tradicionais de produção, transporte e consumo.
Ao longo de três dias, os participantes vão debater temas como “Reforçar a Visão de Angola como Hub Logístico Regional na SADC”, “Financiamento e Seguros em Transporte e Logística”, e “Infra-estruturas, Transporte Sustentável e Energias Renováveis”.
O evento, organizado pelo Ministério dos Transportes em parceria com a AS Consulting e um Comité Estratégico, conta com o apoio de parceiros institucionais e empresariais como a DP World, Huawei, SAP, Orey África, BAI, ENSA e NORS.
No encerramento, será aprovada a Declaração de Luanda sobre Integração e Modernização Logística da SADC, documento que deverá traduzir a visão comum de tornar a mobilidade uma alavanca para o desenvolvimento económico e social do continente.
Reposicionar Angola como corredor estratégico
A nova aposta de Angola na modernização logística insere-se no esforço mais amplo de diversificação económica e reposicionamento do país como corredor estratégico na África Austral.
A geografia oferece vantagens únicas: acesso directo ao Atlântico, fronteiras com sete países e infra-estruturas ferroviárias e portuárias em expansão que podem ligar os mercados do interior africano às rotas marítimas globais.
Se articulada com políticas fiscais previsíveis, digitalização aduaneira e um ecossistema logístico competitivo, a estratégia poderá transformar Angola num hub regional de comércio e distribuição, ampliando a integração na SADC e reforçando o papel do país na economia continental prevista pela Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA).