O Ministério dos Transportes de Angola reafirma o compromisso de trabalhar com disciplina, estratégia e inovação para consolidar a posição do país como referência logística em África. A ambição é clara: conectar pessoas, mercadorias e ideias, promovendo a soberania, o desenvolvimento económico e o bem-estar social, enquanto se mobilizam financiamentos internacionais que sustentem a expansão da infra-estrutura e o reforço da influência regional.
A garantia foi expressa esta Sexta-feira, 17, em Luanda, pelo ministro dos Transportes, Ricardo Viegas D’Abreu, na sessão de abertura do Angola Hub Transporte & Logística, evento que decorre até Domingo e que se afirma como uma plataforma de diálogo sobre o futuro da mobilidade e da cadeia logística nacional.
O governante reconheceu, contudo, os desafios que persistem, sobretudo no que toca à eficácia das respostas às necessidades das populações nos principais centros urbanos. Nesse sentido, sublinhou que o Ministério está a implementar uma reestruturação profunda dos sistemas de Mobilidade Urbana, apoiada na tecnologia e na digitalização dos serviços, em parceria com a ENBI – Empresa Nacional de Bilhética Integrada e com as administrações locais.
Paralelamente, Ricardo D’Abreu destacou que a agenda do sector inclui a descarbonização do transporte, com a aposta em infra-estruturas mais sustentáveis e serviços ambientalmente responsáveis.
“A digitalização e a integração tecnológica são a nova fronteira do desenvolvimento no transporte e na logística”, afirmou, sublinhando a visão de um sector que se quer moderno, eficiente e competitivo à escala continental.
A ambição de transformar o país num hub logístico
A ambição do Executivo angolano de transformar o país num hub logístico e de transporte regional insere-se num movimento mais amplo de reposicionamento económico, que procura diversificar as fontes de crescimento e reduzir a dependência do petróleo.
O sector dos transportes, pela sua natureza transversal, é visto como um pilar estratégico de integração regional e de competitividade, capaz de potenciar as cadeias de valor ligadas à agricultura, indústria e comércio transfronteiriço.
Especialistas entendem que com uma localização geográfica privilegiada e três corredores ferroviários estratégicos — Luanda, Benguela e Moçâmedes — Angola tem a oportunidade de reconquistar o seu papel de eixo de ligação entre o Atlântico e o interior do continente, incluindo os mercados do Congo, Zâmbia e RDC. A digitalização, a descarbonização e a melhoria da mobilidade urbana constituem, nesse contexto, os novos motores da eficiência económica, abrindo espaço para parcerias público-privadas e captação de investimento internacional.
Contudo, o sucesso dessa agenda dependerá da capacidade de execução e de gestão integrada entre os diferentes modos de transporte, num país onde ainda persistem gargalos infra-estruturais e logísticos.
A visão apresentada por Ricardo D’Abreu reflecte, assim, uma mudança de paradigma: de uma abordagem de obras físicas para uma estratégia centrada em tecnologia, sustentabilidade e conectividade, elementos essenciais para Angola afirmar-se como plataforma logística de África Austral.