Do Curdistão à Amazónia: CineEco reafirma o poder do cinema ambiental lusófono

O filme The Town That Drove Away, dos realizadores polacos Grzegorz Piekarski e Natalia Pietsch, conquistou o Grande Prémio Ambiente da 31.ª edição do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, em Seia. A obra aborda o destino da aldeia histórica de Hasankeyf, uma povoação de maioria curda obrigada a deslocar-se…
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Segundo um comunicado da organização a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, o documentário integrou o conjunto de dez obras que estrearam no festival de Seia, no âmbito da competição Internacional de Longas-Metragens.
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O filme The Town That Drove Away, dos realizadores polacos Grzegorz Piekarski e Natalia Pietsch, conquistou o Grande Prémio Ambiente da 31.ª edição do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, em Seia.

A obra aborda o destino da aldeia histórica de Hasankeyf, uma povoação de maioria curda obrigada a deslocar-se na sequência da construção de uma barragem, num retrato poético e crítico sobre o impacto das decisões políticas e económicas nos territórios e nas identidades culturais.

O documentário integrou o conjunto de dez longas-metragens a estrear na competição internacional do festival, que, segundo a organização, contou este ano com mais de 3.760 espectadores, 1.650 alunos das escolas dos concelhos de Seia, Oliveira do Hospital, Nelas e Gouveia, e a presença de 59 cineastas, produtores e actores.

Na Competição de Longas-Metragens em Língua Portuguesa, o prémio principal foi atribuído a Enquanto o Céu Não Me Espera (Brasil), de Christiane Garcia. Com raízes na Amazónia, o filme retrata a história de um agricultor ribeirinho humilde que luta por permanecer no território dos antepassados, apesar das adversidades e pressões externas.

Já o Prémio Panorama Regional, destinado a produções da região da Serra da Estrela que melhor promovem temáticas ambientais, distinguiu O Último Pastor de Sabugueiro (Portugal), de Laurêne da Palma Cavaco, um documentário sobre Dinis, jovem pastor e estudante do ensino secundário que simboliza a resistência das tradições pastoris em vias de extinção.

O Prémio Antropologia Ambiental, que cruza as competições internacionais e lusófonas, foi atribuído a Katwe (Uganda/Suécia), de Nima Shirali – um olhar sobre a vida de uma comunidade à beira do lago salino de Katwe, onde uma antiga fábrica de refinação de sal abandonada há 40 anos permanece como metáfora da estagnação económica e política.

Nas competições de Curtas e Médias-Metragens, Vânia e Valéria (Brasil), de Isabela da Silva Alves e Isabella Milena Nascimento da Cunha, conquistou o Prémio Educação Ambiental, enquanto Martha (Suíça), de Marcel Barelli, um antigo documentário mudo da década de 1910 recentemente restaurado, venceu na categoria de Animação.

O thriller Plastic Surgery (Reino Unido), de Guy Trevellyan, arrecadou o Prémio Internacional de Curtas e Médias-Metragens, ao explorar, com tensão psicológica, os efeitos invisíveis da poluição por microplásticos na saúde humana. Já Cão Sozinho (Portugal/França), de Marta Reis Andrade, foi distinguido na categoria de língua portuguesa.

Entre os Prémios Especiais, abertos a todas as categorias, destacaram-se o “Valor da Água” para Sukande Kasáká (Brasil), de Kamikia Kisedje e Fred Rahal, e o “Prémio Juventude” para A New Kind of Wilderness (Noruega), de Silje Evensmo Jacobsen.

Organizado pela Câmara Municipal de Seia, com o alto patrocínio do Presidente da República e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), o CineEco reafirma-se como um dos mais relevantes festivais de cinema ambiental do mundo lusófono, articulando arte, consciência ecológica e educação ambiental num contexto global de urgência climática e de defesa das comunidades tradicionais.

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