A Exposição Económica e Comercial China–Países de Língua Portuguesa (C-PLPEX) abre esta Quarta-feira, 22, em Macau, reunindo mais de 800 expositores, entre os quais 320 provenientes do universo lusófono, um crescimento de 23% face à edição inaugural, confirmando a aposta da região administrativa especial em afirmar-se como hub de ligação económica, tecnológica e cultural entre a China e os países de língua portuguesa.
Num ambiente que conjuga negócios e inovação, o certame apresenta um “toque desportivo” especial: a icónica camisola usada por Pelé no Mundial de 1962 estará em exibição. Já no campo da tecnologia, a Deep Robotics, empresa chinesa fundada em 2017 e especializada em robótica avançada, apresenta dois cães-robots, representando o vigor da nova geração de soluções tecnológicas com aplicações industriais e de segurança.
“São produtos já muito amadurecidos, que podem ser enviados, por exemplo, para avaliar a situação em cenários de incêndio”, explicou um representante do BPS Global Group, agente da Deep Robotics na Austrália, Hong Kong e Macau.
O responsável sublinhou que a prioridade imediata da empresa é consolidar presença em Macau, mas a expansão para os mercados lusófonos está em análise: “Temos de saber se os países de língua portuguesa têm interesse e se a empresa-mãe tem algum projecto para expandir – e para quais países de língua portuguesa”, afirmou Wong, durante uma visita ao recinto da feira, que decorre até Sábado.
De acordo com o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Che Weng Keong, os expositores lusófonos representam uma das maiores presenças internacionais do evento. “Um terço são do Brasil, um terço de Portugal e o restante dos demais países de língua portuguesa”, destacou o dirigente, sublinhando o crescente peso estratégico da lusofonia no intercâmbio comercial e tecnológico com a China.
Os stands estão organizados em torno das áreas prioritárias da cooperação sino-lusófona, nomeadamente o comércio electrónico transfronteiriço, novas energias, indústria agrícola, alimentos e bebidas, serviços profissionais e economia azul – sectores com elevado potencial de integração nas cadeias de valor da Ásia e da África lusófona.
Em paralelo, realiza-se pela primeira vez a Expo Internacional Agrícola China–Países de Língua Portuguesa, iniciativa impulsionada pelo protagonismo do Brasil, que, segundo Che Weng Keong, “inspirou a criação desta nova mostra devido à sua relevância global na produção agrícola e alimentar”.
O objectivo é potenciar sinergias entre o interior da China, altamente tecnificado na área agrícola, e os países lusófonos produtores de alimentos, promovendo um intercâmbio que vai além do comércio, para o domínio da inovação e da segurança alimentar.
Para Alan Ho, coordenador da C-PLPEX, o evento tem também um papel geoestratégico. “Trazer a Macau muitas pessoas do universo lusófono e do interior da China é crucial para promover a plataforma de Macau e reforçar o seu papel como ponte entre economias.”
Mais do que uma feira de negócios, a C-PLPEX afirma-se como um laboratório de diplomacia económica – um espaço onde Macau projecta a sua vocação de intermediação num mundo cada vez mais atento ao diálogo entre a Ásia e a lusofonia.
*Com Lusa