O ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, reafirmou, esta Segunda-feira, em Luanda, que a transformação doméstica de uma parte significativa dos minerais produzidos em Angola constitui uma prioridade estratégica do Executivo, numa altura em que o país procura consolidar o seu posicionamento no mercado global de diamantes e diversificar a base produtiva do sector mineiro.
Ao intervir na abertura da 3.ª Conferência Internacional de Minas de Angola (AIMC, na sigla em inglês), o governante destacou que o país conta, actualmente, com nove fábricas de lapidação, a maioria instaladas no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo, na província da Lunda Sul.
“Angola tenciona continuar a criar condições para que uma percentagem mais expressiva de diamantes brutos seja lapidada no país”, afirmou o ministro, sublinhando a importância da agregação de valor local e da industrialização mineira como motores de crescimento sustentável.
Diamantino Azevedo enfatizou ainda o compromisso de Angola com os padrões internacionais de transparência e rastreabilidade, referindo que o país tem vindo a investir em tecnologia avançada para assegurar a origem fidedigna dos seus diamantes, “desde a boca da mina até ao consumidor final”.
Apesar da baixa dos preços no mercado internacional, a produção de diamantes brutos em Angola atingiu, pela primeira vez, a marca dos 14 milhões de quilates em 2024, um recorde sustentado pelo arranque das operações da mina do Luele, inaugurada em Novembro de 2023.
“A mina do Luele foi responsável por pouco mais de 6 milhões de quilates – praticamente o mesmo volume alcançado pela mina do Catoca”, revelou o ministro.
A dinâmica do sector ganha novo impulso com os resultados da prospecção aerogeofísica levada a cabo pela multinacional De Beers, que identificou cerca de 20 alvos kimberlíticos promissores na província da Lunda Norte. Segundo Azevedo, a conjugação de sondagens e métodos directos e indirectos de prospecção permitirá determinar a viabilidade económica destes achados.
Também a multinacional Rio Tinto mantém trabalhos de desenvolvimento do kimberlito Chiri, considerado um dos projectos mais promissores em qualidade e quantidade de diamantes, cuja inauguração está prevista dentro de dois anos.
Para além do desempenho técnico, o ministro destacou o impacto social da indústria mineira, referindo que as empresas do sector – públicas e privadas – têm vindo a reforçar o seu papel de responsabilidade corporativa, com a execução de 21 projectos sociais em 2024, num investimento global de 23,55 milhões de dólares.
Entre os projectos de maior destaque estão a construção e apetrechamento do Campus da Universidade Lueji A’nkonde e do Instituto Técnico Superior adstrito, nas províncias da Lunda Norte e Lunda Sul, respectivamente, financiados pelas empresas públicas Endiama e Sodiam, num investimento conjunto de 116,1 milhões de dólares.
Durante a sua intervenção, Diamantino Azevedo sublinhou o carácter histórico da conferência, que decorre até Quinta-feira, 23, sob o lema “Reforçar as Oportunidades de Investimento Mineiro a Nível Global em Angola”, num ano marcado pela celebração dos 50 anos da Independência Nacional.
“Esta conferência simboliza o compromisso de Angola em transformar o seu potencial geológico em prosperidade económica e social, com base em transparência, investimento e conhecimento”, concluiu.