Sistema financeiro angolano ainda não responde às exigências do sector mineiro, alerta PCA da ENDIAMA

O presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (ENDIAMA), José Ganga Júnior, advertiu esta semana que o sistema financeiro nacional ainda não está preparado para responder às necessidades de investimento de grande escala que o sector mineiro exige. “Somos um sector que demanda quantidades loucas de dinheiro e, infelizmente, não…
ebenhack/AP
“Nós somos um sector que demanda quantidades loucas de dinheiro e infelizmente, não estamos ainda estruturados. A nossa banca, além das limitações na sua captação de receitas, ela não está estruturada para investimentos de grande vulto e para atender o sector mineiro”, afirmou o PCA da ENDIAMA.
Negócios

O presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (ENDIAMA), José Ganga Júnior, advertiu esta semana que o sistema financeiro nacional ainda não está preparado para responder às necessidades de investimento de grande escala que o sector mineiro exige.

“Somos um sector que demanda quantidades loucas de dinheiro e, infelizmente, não estamos ainda estruturados. A nossa banca, além das limitações na captação de receitas, não está preparada para investimentos de grande vulto nem para atender o sector mineiro”, afirmou o gestor, durante a Conferência Internacional de Minas de Angola 2025, que decorreu de 22 a 23 deste mês sob o lema “Reforçar as Oportunidades de Investimento Mineiro a Nível Global em Angola”.

Ao intervir no painel “Financiando o Futuro: Atrair Investimento para Angola”, Ganga Júnior reconheceu, contudo, que já se verificam sinais de evolução. “A banca angolana tem dado passos neste sentido, e o sector mineiro tem testemunhado experiências positivas de captação de financiamentos junto de instituições como o Caixa Angola, o BAI e o Keve, ainda que de forma tímida”, observou.

O responsável acrescentou que a ENDIAMA está a trabalhar na diversificação das fontes de financiamento, incluindo a utilização do mercado obrigacionista como instrumento para estruturar necessidades de capital e fortalecer a indústria nacional. “O nosso objectivo é captar e consolidar a nossa indústria, não apenas a diamantífera, mas o sector mineiro em geral. Angola é, hoje, um dos países africanos com melhores condições para o investimento em diamantes”, assegurou.

Ganga Júnior sublinhou ainda que “Angola é efectivamente o país onde se pode sonhar alto no domínio da mineração de diamantes”, destacando a estabilidade política, o enquadramento legal e o potencial geológico como factores de confiança para investidores internacionais.

No mesmo evento, o director executivo da SODIAM – Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola, Fernando Amaral, recordou que o país produziu, no último ano, 14 milhões de quilates de diamantes, tendo comercializado 10 milhões, o que resultou em receitas de 1,4 mil milhões de dólares.

“É uma receita expressiva, alcançada num contexto de mercado desafiante. Ainda assim, Angola posicionou-se em segundo lugar entre os maiores produtores de diamantes em receita bruta”, referiu o responsável.

Amaral acrescentou que o país deverá estabelecer metas de produção mais ambiciosas nos próximos dois a três anos, com um aumento do volume destinado à indústria de lapidação. De acordo com a actual política, 20% da produção nacional deve ser lapidada internamente, o que, com base nos actuais níveis de produção, equivaleria a 2,8 milhões de quilates, um volume significativo para a indústria local.

Para analistas do sector, os desafios de financiamento identificados pela ENDIAMA reflectem um desfasamento estrutural entre o sistema financeiro nacional e as exigências de capital da mineração de grande escala, sobretudo num momento em que Angola procura atrair investimento privado, dinamizar o mercado de capitais e diversificar a economia.

A capacidade da banca angolana de acompanhar projectos de alta intensidade financeira será, nos próximos anos, um teste decisivo à maturidade do sistema financeiro nacional e à sustentabilidade do crescimento mineiro.

Mais Artigos