Depois de uma batalha iniciada em 2022, quando foi incluído na lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), Moçambique alcançou um marco crucial: a sua retirada do rol de países sob vigilância reforçada. O feito simboliza um passo decisivo na recuperação da confiança do sistema financeiro internacional no país e abre novas perspectivas para o investimento e a cooperação económica.
A decisão resulta do cumprimento de 26 recomendações do organismo, centradas na prevenção e no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. Este avanço é considerado um sinal de compromisso do Estado moçambicano com a integridade e a transparência do seu sistema financeiro.
Segundo a ministra das Finanças, Carla Louveira, a retirada de Moçambique da lista cinzenta “reforça a imagem e a credibilidade do país, dentro e fora das suas fronteiras”, ao mesmo tempo que cria condições para atrair mais Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e melhorar o ambiente de negócios.
Fontes ligadas às autoridades financeiras nacionais adiantam que a decisão do GAFI deverá traduzir-se também em maior fluidez nas operações bancárias internacionais, sobretudo nas transferências efectuadas por empresas moçambicanas, que até aqui enfrentavam atrasos e restrições devido à vigilância acrescida imposta pelos países-membros do organismo.
A recomendação para a remoção de Moçambique da lista foi formalizada na passada Terça-feira, 21, pelo Grupo de Revisão e Cooperação Internacional do GAFI, após uma visita de avaliação realizada em Setembro último, destinada a verificar no terreno o progresso das reformas em curso. O desfecho positivo representa, segundo analistas, um sinal de maturidade institucional e estabilidade regulatória, factores essenciais para sustentar a integração plena de Moçambique no sistema financeiro global.
Para o sector bancário moçambicano, a decisão significa a redução do risco-percepção nos correspondentes internacionais, podendo baixar custos operacionais e melhorar o acesso ao crédito externo. No plano macroeconómico, o país ganha margem para reforçar a confiança dos investidores e das agências de notação financeira, num momento em que prepara novas concessões de gás natural e projectos de infra-estruturas estratégicas.
Regionalmente, Moçambique posiciona-se como um caso de recuperação institucional na SADC, consolidando a sua imagem de economia em reestruturação e em trajectória de maior transparência e credibilidade internacional.





