O stock da dívida pública de Cabo Verde aumentou, no final do quarto trimestre de 2020, para 255,9 mil milhões de CVE – Escudos Cabo-Verdianos, o equivalente a cerca de 2,7 mil milhões USD, passando a ter um peso de 155,2% do Produto Interno Bruto (PIB), contra os 124,1% de 2019.
O aumento, que surge como consequência do impacto da crise económica provocada pela pandemia da Covid-19, terá sido de 13,6 mil milhões de CVE (149 milhões USD), o equivalente a uma variação positiva de 5,6% em relação ao valor do trimestre homólogo de 2019.
De acordo com o relatório da dívida pública do quarto trimestre do ano passado, divulgado na passada semana pelo Ministério cabo-verdiano das Finanças, consultado pela FORBES, o acréscimo é justificado com a combinação de novos recursos mobilizados, variação cambial e as amortizações do período em análise.
No final de 2020, a dívida contraída externamente por Cabo Verde valia mais de 184,5 mil milhões de escudos e os títulos de dívida emitidos internamente mais de 71 mil milhões de escudos.
Já o serviço total da dívida (pagamentos de juros e reembolsos de capital), que em 2018 foi de 14,9 mil milhões de CVE e em 2019 de 14,7 mil milhões de CVE, disparou no ano passado para quase 17,8 mil milhões de CVE.
O governo tem recorrido ao endividamento, sobretudo a parceiros externos, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento, para colmatar as quebras nas receitas fiscais provocadas pela crise económica decorrente da pandemia causada pelo novo coronavírus, bem como disponibilizar apoios para mitigar essas consequências juntos das empresas e das famílias.
Em contrapartida, tem também beneficiado de moratórias ao serviço da dívida, aprovada pelos credores internacionais para 2020 e 2021.
Porém, com uma recessão económica de quase 15% em 2020, que reduziu nessa proporção o PIB face a 2019, o rácio do stock da dívida pública em função do PIB também disparou. Esse rácio ultrapassou pela primeira vez os 100% em 2013, mas estava em queda na actual legislatura, até ao início da pandemia da Covid-19, sobretudo devido ao crescimento económico do arquipélago, de mais de 5% ao ano.
A principal consequência económica da pandemia da Covid-19 em Cabo Verde prende-se com a ausência quase total do turismo, desde Março do ano passado, sector que antes contribuía com 25% no PIB do país.