Governo alemão financia desenvolvimento de estratégia de hidrogénio verde em Angola

O Governo alemão, através do H2-diplo, irá financiar a contratação de um estudo abrangente, denominado “Baseline Study on the potential for Power-To-X / Green Hydrogen in Angola”, que será ser utilizado como peça central para a conclusão de uma Estratégia Nacional de Hidrogénio para Angola, permitindo o desdobramentos adicionais. A informação foi avançada nesta Quarta-feira,…
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Delegado da economia alemã em Angola, Vandré Spellmeier, considera que Angola possui um dos maiores potenciais da África Austral para a geração de energia renovável, especialmente solar e hídrica.
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O Governo alemão, através do H2-diplo, irá financiar a contratação de um estudo abrangente, denominado “Baseline Study on the potential for Power-To-X / Green Hydrogen in Angola”, que será ser utilizado como peça central para a conclusão de uma Estratégia Nacional de Hidrogénio para Angola, permitindo o desdobramentos adicionais.

A informação foi avançada nesta Quarta-feira, 05, delegado da economia alemã em Angola, Vandré Spellmeier, na conferência sobre parceria energética Angola-Alemanha de Hidrogénio (H2-diplo), sem avançar o valor do financiamento.

O resultado do estudo será apresentado no final do primeiro semestre de 2026.

“O desenvolvimento de uma Estratégia Nacional de Hidrogénio é de extrema importância para o fortalecimento das iniciativas de Angola neste sector junto aos mercados internacionais compradores e financiadores, facilitando assim o acesso aos diversos instrumentos financeiros alemães e europeus destinados ao fomento de indústrias verdes”, considerou.

De acordo com Vandré Spellmeier, que fazia uma abordagem olhando para o futuro, deve-se reconhecer que a transição energética é não apenas uma necessidade ambiental, mas também uma estratégia económica inteligente.

“Investir em derivados de hidrogénio verde, em energias renováveis e em infra-estruturas resilientes significa criar empregos qualificados, atrair investimento estrangeiro e impulsionar a industrialização sustentável de Angola”, pontou.

Sob o lema “Impulsionando o futuro industrial através da energia e da descarbonização”, o evento foi organizado no âmbito da visita de Estado de Frank-Walter Steinmeier, Presidente da República Federal da Alemanha, com o  objectivo de fortalecer a parceria estratégica energética entre Angola e a Alemanha, promovendo o diálogo e a cooperação bilateral no domínio da energia sustentável e da transição energética.

O responsável assinalou que a parceria energética que une os dois países tem vindo a crescer em torno de uma visão comum, garantindo um futuro energético mais limpo, seguro e acessível, em consonância com os objectivos de transição energética global e com as metas do Acordo de Paris.

O delegado da economia alemã em Angola recordou que Angola possui um dos maiores potenciais da África Austral para a geração de energia renovável, especialmente solar e hídrica.

“A combinação destes recursos com as tecnologias desenvolvidas e apoiadas pela Alemanha pode transformar Angola num hub regional de energia limpa, capaz não só de satisfazer a sua própria demanda interna, mas também de exportar derivados de hidrogénio verde para os mercados internacionais. Este é um caminho que exige visão, planeamento e investimento contínuo”, salientou.

Nos últimos anos, segundo prosseguiu, a cooperação entre Angola e Alemanha ganhou uma nova dimensão com o surgimento do programa H2-Diplo, uma iniciativa do Ministério Federal das Relações Exteriores da Alemanha destinada a promover o diálogo internacional, a capacitação técnica no domínio do hidrogénio verde e o desenvolvimento de projetos sustentáveis que possam atender demandas externas, mas ao mesmo também contribuir para a industrialização local por meio de novas cadeias de valor.

“O H2-Diplo tem actuado em Angola de forma consistente, promovendo a capacitação básica, conferências, estudos de viabilidade, viagens de estudos e workshops especializados que visam criar as bases para uma futura economia do hidrogénio”, explicou.

Já o presidente do conselho de administração do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Sonangol, Orlando da Mata, afirmou que o fortalecimento desta parceria energética pode ser considerado como um passo estratégico que visa impulsionar o crescimento e desenvolvimento industrial e diversificar as duas economias de uma forma sustentável.

“A transição energética em curso a nível global é algo incontornável. Os países devem desenvolver novas tecnologias e práticas inovadoras que garantam uma redução significativa das emissões de gases de efeito estofa, promovendo o acesso universal à energia limpa e preservar o ambiente”, destacou.

Assim, detalhou, as energias renováveis constituem o caminho para a descarbonização e a sustentabilidade energética.

“A energia que produzimos e consumimos precisa gerar oportunidades, reduzir desigualdades e contribuir para um crescimento mais justo e sustentável. Por isso, é fundamental fortalecer a cooperação entre governos, empresas e instituições de pesquisa científica e tecnológica para que possamos dar passos seguros neste processo”, acrescentou.

A troca de experiências, a partilha de boas práticas e a atracção de investimentos, no seu entender, são instrumentos poderosos para acelerar a transição energética.

“Todos nós sabemos que a Alemanha é um país que, a nível mundial, lidera o desenvolvimento de tecnologias avançadas e inovadoras no que tange às energias renováveis. Entretanto, Angola é um país que possui um grande potencial energético no que concerne a recursos naturais e um compromisso para o seu aproveitamento de uma forma sustentável. Temos a oportunidade, por isso, de estabelecer uma parceria que combina desenvolvimento tecnológico e potencial energético natural e, desta forma, construirmos uma parceria energética sólida”, precisou.

Um futuro descarbonizado, avançou, exige infra-estruturas modernas, eficientes e inteligentes. Sublinhou que Angola está a construir e a modernizar as suas infra-estruturas energéticas, aumentando a capacidade de produção, transporte e distribuição de energia, de forma a garantir a disponibilidade e acesso à eletricidade em todo o território nacional.

“As empresas alemães, que possuem uma larga experiência tecnológica inovadora neste segmento industrial, podem desempenhar um papel importante neste processo, trazendo tecnologia inovadoras. Já tem vindo a acontecer, como por exemplo, no fornecimento de turbinas para as centrais hidroeléctricas construídas ou em construção no nosso país. A parceria entre Angola e Alemanha deve focar-se também na capacidade técnica, tecnológica e científica”, disse.

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