O Presidente brasileiro, Lula da Silva, recebeu nesta Quarta-feira o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Sidi Ould Tah, em Belém, sede da Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano.
A reunião de alto nível entre os dois líderes sinalizou uma crescente aliança entre o Brasil e África, à medida que o Banco lidera o apelo do continente por um maior financiamento climático global. O encontro centrou-se na mobilização de recursos para adaptação climática e resiliência.
A reunião, segundo uma nota do BAD, também ocorreu pouco antes da Cimeira de Líderes Mundiais, convocada pelo Presidente Lula, para os dias 6 e 7 de Novembro. É a primeira vez que uma Cimeira de Líderes Mundiais é realizada antes das negociações da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
A cimeira de líderes em Belém, no coração da floresta amazónica, deu início ao que se espera ser o encontro climático mais importante desde o Acordo de Paris de 2015 e ocorre num momento decisivo, em que nações de todo o mundo se esforçam para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C.
Com quase 60 mil delegados, incluindo chefes de Estado, negociadores climáticos, financiadores, líderes do sector privado e da sociedade civil reunidos em Belém, o Banco Africano de Desenvolvimento estará na vanguarda dos esforços para reacender a ambição global por uma transição energética justa e maior resiliência climática.
Nas negociações da COP30, que decorrerão de 10 a 21 de Novembro, o BAD reafirmará a sua liderança na promoção das prioridades climáticas de África e na defesa de um aumento decisivo do financiamento verde à escala global para as economias em desenvolvimento.
África contribui com menos de 4% das emissões globais, mas alberga nove dos países mais vulneráveis ao clima do mundo, recebendo apenas 3% do financiamento climático global.
Cimeira de líderes antes da conferência
Em Belém, o presidente Ould Tah destacou as semelhanças estratégicas entre a Amazónia e a Bacia do Congo, as duas maiores florestas tropicais do planeta, salientando o seu papel comum na estabilidade climática global.

Ould Tah participou no lançamento do histórico Fundo Florestas Tropicais para Sempre do Brasil, uma iniciativa de financiamento misto que une a Amazónia, a Bacia do Congo e as florestas de toda a África, sob uma visão comum de solidariedade climática.
A iniciativa está em estreita sintonia com os programas emblemáticos do Banco, incluindo o Fundo Florestal da Bacia do Congo e a sua parceria de longa data com a Comissão Florestal da África Central, que reflectem o seu compromisso com soluções baseadas na natureza, proteção da biodiversidade e sequestro de carbono, em conformidade com o Acordo de Paris.
Durante a Cimeira Mundial de Líderes, o presidente do BAD lançou um apelo à acção para África em matéria de adaptação, resiliência, energia limpa e soberania financeira, e também vai discursar numa sessão temática de alto nível sobre ‘Clima e Natureza: Florestas e Oceanos’, presidida pelo Presidente Lula.
Além disso, Ould Tah manterá discussões bilaterais com líderes governamentais, o setor privado e instituições de desenvolvimento, para ajudar a moldar um roteiro financeiro pós-COP30 alinhado com a sua agenda estratégica de Quatro Pontos Cardeais para o Grupo Banco.
BAD faz do financiamento da adaptação o seu foco
O Banco Africano de Desenvolvimento estabeleceu-se como líder global em inovação em financiamento climático. Em 2024, comprometeu 5,5 mil milhões de dólares para açcões climáticas, representando quase metade do total das suas aprovações anuais – com 60% dos investimentos da última década direcionados para a adaptação.
A Estratégia 2024-2033 do BAD e a agenda estratégica dos Quatro Pontos Cardeais do Ould Tah reforçam este foco, dando prioridade a infraestruturas resilientes às alterações climáticas, energias renováveis e uma transição energética justa que alinhe os objectivos de desenvolvimento de África com uma pegada de carbono reduzida.
Através da sua Janela de Acção Climática, do Fundo Africano de Desenvolvimento, lançada em 2022, o BAD está a canalizar financiamento adicional e apoio técnico para 37 países menos desenvolvidos, muitos dos quais estão na linha da frente dos impactos climáticos.





