Seis anos após começar a publicar vídeos “por brincadeira”, o angolano João Gabriel Kamosso soma 30 milhões de seguidores em plataformas chinesas e vive do comércio electrónico em directo, na maior indústria digital do mundo.
Natural da cidade de Huambo e conhecido nas redes sociais chinesas como ‘Laoma’, Kamosso, de 29 anos, vive aCtualmente em Changsha, capital da província de Hunan, no centro da China, onde produz vídeos curtos e faz transmissões em directo para um público exclusivamente chinês.
“No começo foi ‘streaming’ de jogos, mas agora comecei a vender produtos, coisas de comer, sobretudo, em comércio electrónico”, disse à agência Lusa. Na plataforma Kuaishou, soma 18 milhões de seguidores. Na Douyin, versão chinesa do TikTok, tem 12 milhões. “Os seguidores aumentaram muito desde 2019”, quando tinha três milhões, contou.
Nos últimos meses lançou também um canal no YouTube, direccionado ao público chinês, com vídeos falados apenas em mandarim e sem legendas. “Em alguns meses já consegui 30 mil seguidores”, afirmou.
Kamosso começou por publicar vídeos curtos com trocadilhos em mandarim e sátiras com duplas interpretações da língua. “Gosto de fazer vídeos que têm a ver com a língua chinesa e os seus significados. Eu amo a língua chinesa”, disse.
No mandarim, diz a Lusa, existem quatro tons e mais um quinto tom neutro. A mesma palavra pode ter vários significados, dependendo do tom utilizado. ‘Chi’, por exemplo, pode significar comer (chi), estar atrasado (chí), régua (chi) ou repreender (chì).
A criatividade linguística, aliada à imagem de um jovem africano fluente em chinês e com domínio das expressões culturais locais, tornou-o rapidamente viral. O sucesso mereceu destaque no jornal oficial em língua inglesa China Daily.





