O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou esta Segunda-feira, 24, em Luanda, que a actual arquitectura financeira global permanece “profundamente injusta e inefectiva”, continuando a favorecer as nações mais ricas e a limitar a capacidade de progresso das economias em desenvolvimento.
Na abertura da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, Guterres defendeu que a reforma deste sistema é urgente, salientando a necessidade de “triplicar a capacidade de financiamento das instituições multilaterais” e de assegurar maior representatividade para os países em desenvolvimento, muitos deles africanos, nos centros de decisão financeira internacionais. Para o líder das Nações Unidas, esta transformação é essencial para alinhar a arquitectura financeira com a realidade económica do século XXI.
Recordou que, na reunião de Sevilha deste ano, a comunidade internacional acordou um conjunto de passos “abrangentes e concretos” para avançar nesta direcção. Sublinhou ainda a convergência estratégica entre a Agenda 2063 da União Africana, a Agenda 2030 das Nações Unidas e os objectivos de desenvolvimento sustentável, que apontam para um modelo económico mais equilibrado e inclusivo.
Guterres reforçou que uma cooperação mais estreita entre África e Europa pode ajudar a “encerrar as injustiças da pobreza”, enfrentar as causas profundas da migração e desbloquear o potencial económico ainda subaproveitado de ambos os continentes.
No domínio climático, destacou que África dispõe de vastos recursos solares, eólicos e minerais críticos, cuja procura global está a crescer. Para o secretário-geral, esta realidade deve constituir uma oportunidade para romper com os antigos modelos de exploração de recursos e avançar para cadeias de valor instaladas nos países de origem. “Com o financiamento adequado e investimento em capacitação, a revolução das energias renováveis pode empoderar toda a África, desde que a cooperação internacional permita uma transição justa, afastada dos combustíveis fósseis e acompanhada da electrificação do continente”, referiu.
Guterres insistiu que uma transição justa exige que os países desenvolvidos cumpram os compromissos assumidos e reforcem a parceria com os países africanos.
O líder das Nações Unidas acrescentou que o actual contexto geopolítico “abre uma oportunidade histórica para corrigir desigualdades antigas e construir um sistema mais justo e representativo”, nomeadamente através de três frentes prioritárias: a reforma financeira internacional; a aceleração da acção climática com foco na industrialização verde africana; e a atribuição de lugares permanentes a países africanos no Conselho de Segurança da ONU, condição que considera essencial para fortalecer a legitimidade e eficácia da organização na promoção da paz global.





