Burle Marx regressa a Lisboa: CCB apresenta grande retrospectiva do mestre do paisagismo moderno

O Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém (MAC/CCB) inaugura, esta Quarta-feira, 26, uma vasta exposição dedicada ao legado do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx (1909–1994), figura incontornável da arquitectura paisagística moderna. Intitulada “Lugar de Estar: O legado de Burle Marx”, a mostra reúne 22 projectos emblemáticos desenvolvidos ao longo de sete décadas,…
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Mais de sete décadas de criação de Burle Marx ganham nova vida no CCB, num diálogo com artistas contemporâneos radicados em Portugal. A mostra estará patente até 5 de Abril de 2026.
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O Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém (MAC/CCB) inaugura, esta Quarta-feira, 26, uma vasta exposição dedicada ao legado do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx (1909–1994), figura incontornável da arquitectura paisagística moderna.

Intitulada “Lugar de Estar: O legado de Burle Marx”, a mostra reúne 22 projectos emblemáticos desenvolvidos ao longo de sete décadas, acompanhados de estudos composicionais, esboços, fotografias e material de imprensa.

A exposição estabelece ainda diálogos contemporâneos com seis artistas que vivem em Portugal — Fernanda Fragateiro, Filipe Feijão, Mónica de Miranda, Juan Araujo, Lourdes Castro (1930–2022) e João dos Santos Martins, cada um oferecendo leituras próprias sobre a herança estética, botânica e urbana deixada por Burle Marx. A mostra estará patente até 5 de Abril de 2026.

Organizada em cinco eixos temáticos – “Construindo a Cidade e o Espaço Público”, “Compromisso Estético e Ético”, “Projecto Moderno”, “Activismo Ambiental” e “Património Botânico” – a exposição revisita o contributo decisivo do paisagista para a formação da paisagem urbana brasileira, bem como o seu papel pioneiro na defesa das espécies nativas e na preservação de biomas como a Mata Atlântica, a Amazónia e o Cerrado.

Segundo a Lusa, os artistas convidados respondem a estes temas com linguagens diversas. Juan Araujo revisita criticamente a arquitectura moderna latino-americana; Filipe Feijão reflecte sobre dinâmicas de construção e ruína; e Mónica de Miranda traz para o centro da discussão os “jardins invisíveis” de Lisboa, cultivados sobretudo por imigrantes africanos residentes na periferia. Por seu turno, Fernanda Fragateiro retoma debates sobre o direito à experiência estética em espaços públicos, enquanto João dos Santos Martins cruza coreografia e paisagem numa performance inédita. A obra de Lourdes Castro surge representada por 20 desenhos e litografias da série “Sombras à volta de um centro”, realizados a partir da década de 1980.

O conjunto sublinha a dimensão colectiva e transformadora do legado de Burle Marx, autor de mais de dois mil projectos paisagísticos entre as décadas de 1930 e 1990, cuja obra se tornou indissociável do imaginário moderno de cidades como Brasília e Rio de Janeiro.

Entre os seus projectos mais emblemáticos figuram os jardins do Palácio Itamaraty, o Parque do Flamengo, a Orla de Copacabana e o icónico “calçadão” que reinterpretou em pedra portuguesa o desenho ondulado concebido por Pinheiro Furtado no século XIX. A nível internacional, projectou espaços para instituições como a UNESCO, em Paris, e o Parque del Este, em Caracas.

A curadoria da apresentação no MAC/CCB é assinada por Isabela Ono, Pablo Lafuente e Beatriz Lemos, em parceria com o Instituto Burle Marx e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A adaptação local ficou a cargo de Nuria Enguita, directora do museu, e Marta Mestre.

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