O Governo angolano reafirmou o compromisso de garantir condições estruturais para que a população tenha acesso permanente a segurança alimentar e nutricional, reduzindo desigualdades na distribuição de rendimentos e combatendo a pobreza extrema.
De acordo com o ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, Angola tem sido fortemente afectada pelos efeitos das alterações climáticas, que dificultam os esforços de desenvolvimento económico e social. No entanto, sublinhou que o contexto actual também inspira novas abordagens e desafia as comunidades a reforçarem as suas capacidades de prevenção e mitigação da seca, com base em conhecimento científico, organização comunitária e cooperação institucional.
O governante discursava, nesta Terça-feira, em Luanda, na sessão de apresentação dos resultados finais do programa FRESAN – Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola, uma iniciativa do Executivo financiada pela União Europeia e implementada entre 2018 e 2025 nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe, consideradas as mais vulneráveis à seca no país.
Segundo Isaac dos Anjos, a iniciativa permitiu avanços estruturantes. “Com o apoio do FRESAN, foi criado o Banco Regional de Sementes dos Semiáridos de Angola, que assegura a conservação e o melhoramento de espécies adaptadas ao clima do sul”, destacou.
Entre os principais resultados, o ministro assinalou a elaboração do Plano de Sustentabilidade 2023-2028, a definição de protocolos de melhoramento genético para 12 culturas e a realização de ensaios adaptativos para espécies como milho, massango, massambala, mandioca, batata-doce e feijão macunde.
A produção de feno, por exemplo, aumentou de 7,5 toneladas para 30 toneladas em 2024, com previsão de atingir 50 toneladas em 2025. Foram ainda cultivadas espécies forrageiras — como leucaena, acácia e moringa — e adquiridos 30 bovinos de raça Sanga para estudos de ganho de peso e valor nutricional.
Isaac dos Anjos destacou também o papel do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) no reforço da extensão rural e na dinamização da agricultura familiar no sul do país. “Desde 2020, foram implementadas 539 escolas de campo. No total, mais de 23 mil camponeses foram apoiados através de escolas de campo de agricultores, campos agropecuários, cooperativas, associações e grupos informais, com o objectivo de melhorar a produtividade e a resiliência dos sistemas agrícolas e pecuários face às alterações climáticas”, disse. No mesmo período, foram cultivados 506,7 hectares com tecnologias inovadoras e métodos adaptados, reforçando a eficiência hídrica e a produtividade em zonas semiáridas.
Por sua vez, a embaixadora da União Europeia em Angola, Rosário Bento Pais, reforçou que os investimentos nacionais em curso no combate aos efeitos da seca, desde sistemas de armazenamento e distribuição de água até à construção de barragens e estradas rurais, são fundamentais para a transformação estrutural do sul do país.
“Esses investimentos validam muitas das intervenções técnicas testadas pelo FRESAN e demonstram que, com maior disponibilidade de água, como já acontece no Canal do Cafu, surgem novas oportunidades para a produção agrícola e o maneio da pecuária, permitindo sistemas mais eficientes e maior geração de emprego local”, afirmou.
A diplomata acrescentou que, através da iniciativa Global Gateway, a União Europeia está a mobilizar investimentos de qualidade e a promover parcerias que reforçam infra-estruturas essenciais, criando condições para soluções sustentáveis de mercado no sector agrícola.





