Angola atinge 93% de rastreabilidade do diamante e aproxima-se do padrão global de boas práticas no sector

Angola alcançou uma taxa de rastreabilidade de 93% da produção total de diamantes, um marco que reforça o compromisso do subsector com a transparência, a boa governança e as melhores práticas internacionais em matéria de ESG (ambiental, social e de governança), informou esta Terça-feira, 02, a Endiama, em comunicado. De acordo com o documento consultado…
ebenhack/AP
O facto coloca Angola entre os mercados mais alinhados com padrões internacionais de transparência e ESG. Endiama e empresas mineiras aceleram a adopção de tecnologia e controlo operacional para garantir origem responsável em toda a cadeia do sector.
Economia

Angola alcançou uma taxa de rastreabilidade de 93% da produção total de diamantes, um marco que reforça o compromisso do subsector com a transparência, a boa governança e as melhores práticas internacionais em matéria de ESG (ambiental, social e de governança), informou esta Terça-feira, 02, a Endiama, em comunicado.

De acordo com o documento consultado pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o avanço resulta do trabalho coordenado entre as sociedades mineiras que operam no país, que passaram a assegurar o acompanhamento integral de cada diamante, desde a origem até ao consumidor final.

O processo, sublinha a Endiama, responde às exigências dos mercados internacionais, cada vez mais orientados para minerais cuja proveniência seja rastreável, responsável e socialmente sustentável. “Este processo assegura a conformidade com as normas ESG, incluindo responsabilidade social, e atende às exigências dos mercados internacionais que valorizam minerais com origem rastreável e responsável”, refere a nota.

A empresa destacou ainda que as sociedades mineiras permanecem empenhadas em reforçar os seus sistemas de controlo, integrando soluções tecnológicas mais robustas, com o objectivo de alcançar, num futuro próximo, a rastreabilidade total [100%] da produção diamantífera nacional. A ambição, acrescenta a Endiama, é consolidar Angola como uma referência continental e global em matéria de transparência, eficiência operacional e sustentabilidade no sector.

Ministro angolano do Recurso Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, numa exposição do sector mineiro realizada em Luanda.

Um novo posicionamento do país na cadeia de valor mundial

A elevação da rastreabilidade para 93% da produção nacional de diamantes marca mais do que um progresso técnico: representa uma mudança estrutural na forma como Angola se posiciona na cadeia de valor global do sector diamantífero. Num mercado onde a origem, a sustentabilidade e a conformidade ESG influenciam cada vez mais o acesso a capitais, parcerias e compradores premium, o país dá um passo decisivo para reforçar a sua credibilidade internacional.

Trata-se de um avanço relevante num sector historicamente marcado por desafios de controlo, transparência e certificação, e que compete directamente com países como Botswana, Canadá e Rússia em mercados exigentes como Antuérpia, Dubai e Índia.

A rastreabilidade quase total da produção diamantífera responde a uma tendência clara: investidores institucionais, joalharias internacionais e bolsas de diamantes valorizam cada vez mais cadeias de abastecimento auditáveis, livres de riscos reputacionais e alinhadas com critérios ESG. No caso de Angola, este movimento coincide com reformas mais amplas que visam modernizar o subsector, diversificar a base produtiva e atrair operadores com perfil tecnológico mais avançado.

O reforço dos sistemas de controlo e a adopção de soluções digitais para certificação automática, áreas que a Endiama afirma querer expandir, são, segundo analistas, factores fundamentais para consolidar este percurso.

Com a meta de atingir 100% de rastreabilidade “num futuro próximo”, Angola procura reduzir assimetrias históricas, captar novos compradores institucionais e consolidar a reputação de produtor estável e responsável num mercado global altamente competitivo.

Além da transparência, o avanço fortalece a eficiência operacional. Sistemas robustos de rastreabilidade permitem reduzir perdas, melhorar previsões de produção, fortalecer mecanismos de auditoria e criar condições para uma maior integração industrial no país, especialmente na lapidação e no comércio interno de pedras lapidadas, um dos eixos estratégicos da política diamantífera angolana.

Ao insistir na convergência entre tecnologia, governança e sustentabilidade, a Endiama dá sinais de que o subsector diamantífero pretende reposicionar-se como um activo estratégico de longo prazo, menos exposto a volatilidades reputacionais e mais alinhado com as exigências de mercados que já penalizam produtos sem certificação robusta.

Se alcançar a meta dos 100%, Angola poderá disputar com maior vantagem posições na cadeia de fornecimento global, reforçando o seu papel no continente e ampliando o potencial de receitas sustentáveis para o Estado.

Mais Artigos