A Sasol já ultrapassou os quatro mil milhões de dólares de investimento em Moçambique ao longo das últimas duas décadas, reafirmando a sua posição como um dos actores externos mais relevantes no sector energético do país.
A garantia foi deixada por Muriel Dube, presidente da petrolífera sul-africana, que sublinhou o compromisso de longo prazo da empresa com o desenvolvimento económico moçambicano.
“Em Moçambique, continuamos comprometidos com o crescimento do nosso negócio e em contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do país, como temos feito consistentemente nos últimos 20 anos”, afirmou a executiva, durante a inauguração da nova Fábrica de Processamento Integrado (FPI), em Inhambane.
O projecto, financiado no âmbito do Acordo de Partilha de Produção (PSA) celebrado entre o Governo moçambicano e a Sasol, representa um investimento adicional de mil milhões de dólares e foi inaugurado pelos Presidentes Daniel Chapo e Cyril Ramaphosa.
Como demonstração da presença estrutural da empresa no país, Dube recordou que a Sasol tem sido reconhecida pelas autoridades fiscais como um dos três maiores contribuintes em Moçambique nos últimos cinco anos. “Ao longo das últimas duas décadas, investimos mais de quatro biliões de dólares e estamos orgulhosos do impacto positivo criado através das nossas operações, dos investimentos sociais e dos programas de capacitação”, destacou.
A construção da unidade de processamento, cuja primeira pedra foi lançada em 2022, é considerada pela empresa um novo marco na parceria energética com Moçambique. O projecto mobilizou “alguns milhares de empregos”, maioritariamente entre residentes do norte da província de Inhambane, reforçando o impacto económico local num período particularmente desafiante para a indústria global do petróleo e gás.
Segundo a responsável, o programa de investimento social da empresa tem sido igualmente determinante. Desde 2020, foram aplicados cerca de 20 milhões de dólares nos distritos de Inhassoro e Govuro, ao abrigo do acordo de desenvolvimento local. A este montante acrescem 35 milhões de dólares destinados a outras iniciativas sociais.
Em Maio, a Sasol reforçou o compromisso com um segundo acordo de desenvolvimento local, que duplica o investimento para 43 milhões de dólares e alarga a abrangência a 70 comunidades, incluindo Vilankulo, entre 2025 e 2030.
O desenvolvimento de competências técnicas tem sido outro eixo central. Durante a construção da FPI, a petrolífera investiu de forma expressiva na formação de profissionais moçambicanos — desde operadores e técnicos de manutenção até jovens engenheiros em início de carreira. Para Dube, esta capacitação é “essencial para garantir a expansão do sector de óleo e gás e assegurar que Moçambique retira benefícios sustentáveis dos seus recursos naturais”.
Para o Governo moçambicano, o projecto ganha relevância adicional num contexto marcado pela volatilidade internacional dos preços da energia, pelo aumento das exigências de segurança energética e por uma procura crescente de gás de cozinha (GPL).
Estevão Pale, ministro dos Recursos Minerais e Energia, sublinhou ainda os desafios logísticos enfrentados no período pós-pandemia, que reforçam a importância de infra-estruturas integradas como a FPI.
O PSA prevê a produção anual de 53 milhões de megajoules de gás natural, destinando-se parte deste volume a alimentar a Central Térmica de Temane (CTT), que terá capacidade instalada de 450 megawatts.
O projecto inclui ainda a produção diária de quatro mil barris de petróleo leve e a disponibilização de 30 mil toneladas anuais de Gás de Petróleo Liquefeito, um contributo decisivo para a segurança energética nacional e para a redução das importações de combustíveis.
*Com Lusa





