Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) recomendaram, na última Quinta-feira, 04, a suspensão temporária da Guiné-Bissau da organização, na sequência do golpe de Estado ocorrido a 26 de Novembro de 2025. A proposta segue agora para deliberação dos Chefes de Estado e de Governo.
Num comunicado emitido após a 17.ª reunião extraordinária do Conselho de Ministros, realizada por videoconferência, os chefes da diplomacia lusófona manifestaram “profunda preocupação” com a situação política e institucional no país, sublinhando que a interrupção do processo eleitoral em curso representa “uma grave violação dos princípios democráticos e da vontade soberana do povo guineense”.
O órgão recomendou igualmente a transferência da presidência pro tempore da CPLP para outro Estado-membro e anunciou a criação de uma Missão de Bons Ofícios de Alto Nível, a ser enviada para Bissau “no mais breve período de tempo”, com o objectivo de contribuir para o restabelecimento da ordem constitucional.
Os ministros exigiram ainda a “libertação imediata e incondicional” de todos os detidos desde o início da crise e apelaram à “retoma urgente da normalidade institucional”, reafirmando o compromisso da CPLP com os valores da democracia, legalidade e solidariedade entre Estados-membros.
O golpe ocorreu três dias depois das eleições gerais — presidenciais e legislativas — e um dia antes da divulgação anunciada dos resultados. Tratou-se das primeiras eleições realizadas no país sem o histórico PAIGC, excluído pelo tribunal, o que alterou significativamente o equilíbrio político. O partido apoiou o candidato independente Fernando Dias, que reivindicou vitória na primeira volta sobre o Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, candidato a um segundo mandato.
O Alto Comando Militar tomou o poder, suspendeu o processo eleitoral e depôs o Presidente, levando à condenação internacional imediata. A Guiné-Bissau foi entretanto suspensa das principais organizações regionais, nomeadamente a CEDEAO e a União Africana.
Parte da oposição tem insistido na narrativa de que o golpe teria sido uma encenação promovida pelo próprio Presidente Embaló, alegadamente receoso de reconhecer uma derrota eleitoral, aprofundando o ambiente de contestação e incerteza política no país.
*Com Lusa





