Angola concretizou, pela primeira vez, uma emissão de dívida no mercado japonês, captando 40 mil milhões de ienes (cerca de 221 milhões de euros) através de Samurai Bonds com maturidade de cinco anos e uma taxa de juro de 2,6%.
A operação, concluída a 05 de Dezembro de 2025, marca a estreia do País num dos mercados de capitais mais rigorosos e tecnicamente exigentes do mundo.
Segundo o Ministério das Finanças (MINFIN) angolano, a emissão — estruturada em duas tranches e realizada por via de colocação privada — integra a estratégia de médio prazo para a gestão da dívida pública e visa financiar programas prioritários do Executivo.
A operação contou com garantia da Africa Finance Corporation (AFC), enquanto o Grupo Mizuho assumiu o papel de facilitador da transacção, reforçando a ponte financeira entre Luanda e Tóquio.
O Governo sublinha que esta entrada no mercado de Samurai Bonds coloca Angola num grupo ainda restrito de países africanos com acesso a financiamento em ienes, demostrando um aumento da confiança dos investidores japoneses nas reformas macroeconómicas em curso.
A credibilidade das políticas de consolidação fiscal e o compromisso com uma gestão mais sustentável da dívida pública terão sido, de acordo com o MINFIN, elementos decisivos para viabilizar a emissão.
A investida no mercado nipónico não surge isolada. Em Agosto de 2025, Angola rubricou vários acordos com instituições financeiras japonesas, destinados a ser operacionalizados precisamente através da emissão de obrigações em ienes, incluindo um acordo com o Banco Mizuho para aprofundar programas de cooperação financeira. Estes instrumentos acrescentam uma nova geografia ao mapa de financiamento externo angolano, tradicionalmente dominado pelos mercados europeu e chinês.
Os Samurai Bonds são títulos denominados em ienes e emitidos por entidades estrangeiras no Japão, ficando sujeitos à regulamentação local — um ambiente conhecido por elevados padrões de transparência, conformidade e exigência técnica.
A estreia angolana neste mercado representa, assim, um passo estratégico de diversificação das fontes de financiamento e de posicionamento internacional.
*Com Lusa



