Anselmo Mateus aposta na agro-indústria para reduzir dependência das importações

“Queremos que a revolução industrial e o agronegócio em Angola comecem a ser desenvolvidos localmente, criando empregos e fortalecendo as famílias”, afirmou à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA o presidente do grupo Smart AMG, Anselmo Mateus, defendendo uma viragem estratégica na forma como o país explora o seu potencial agrícola. Para o empresário, a aposta na agro-indústria…
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O presidente do grupo Smart AMG defende que a agro-indústria é chave para criar empregos, reduzir importações e acelerar a industrialização em Angola. Para Anselmo Mateus, a soberania alimentar do país passa pela transformação local da produção agrícola e pela criação de cadeias de valor internas.
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“Queremos que a revolução industrial e o agronegócio em Angola comecem a ser desenvolvidos localmente, criando empregos e fortalecendo as famílias”, afirmou à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA o presidente do grupo Smart AMG, Anselmo Mateus, defendendo uma viragem estratégica na forma como o país explora o seu potencial agrícola.

Para o empresário, a aposta na agro-indústria é hoje uma via incontornável para equilibrar a balança comercial angolana e reduzir a elevada dependência de produtos importados. Num contexto económico ainda marcado pela vulnerabilidade externa, Anselmo sublinha que a verdadeira soberania alimentar passa não apenas pela produção agrícola, mas sobretudo pela transformação local dos produtos do campo.

Segundo o CEO da Smart AMG, o grupo tem vindo a trabalhar no sentido de converter a produção agrícola em alimentos processados, como ketchup e massa de tomate, categorias que continuam a pesar significativamente na factura das importações nacionais. “Angola tem condições para transformar o sector primário num verdadeiro motor de desenvolvimento económico e social”, afirmou.

Na sua visão, o fortalecimento de cooperativas agrícolas e a criação de micro-indústrias locais são passos decisivos para garantir que o valor acrescentado da produção permaneça no mercado interno, promovendo rendimentos sustentáveis para produtores e comunidades rurais.

Anselmo Mateus defende ainda que o agronegócio deve ser encarado como um ecossistema integrado, capaz de dinamizar fornecedores, gerar emprego directo, estimular cadeias de valor e assegurar receitas fiscais para o Estado, contribuindo para uma economia mais diversificada e resiliente.

Apesar dos avanços registados nos últimos anos, o gestor reconhece que a burocracia e as dificuldades de acesso ao financiamento continuam a limitar a velocidade da transição industrial no sector. Ainda assim, identifica o agronegócio e o turismo como os sectores com maior potencial de crescimento na próxima década.

“Com disciplina e capacidade de execução, Angola pode aumentar exponencialmente as exportações fora do sector petrolífero e diamantífero, aproveitando a capacidade produtiva das suas várias regiões”, sustentou.

Num olhar mais amplo sobre o ambiente empresarial, Anselmo Mateus sublinhou que, apesar dos desafios, a economia mantém sinais de dinamismo. “A economia continua, as empresas abrem e o consumo cresce. O papel do empresário é encontrar soluções criativas e manter a disciplina, independentemente do contexto”, concluiu, acrescentando que o grupo Smart AMG pretende, até 2026, consolidar a sua presença na cadeia de valor da transformação agrícola, promovendo um crescimento sustentável e inclusivo.

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