Angola prepara-se para se afirmar, já em 2026, como uma “verdadeira superpotência” africana na intersecção entre diamantes e petróleo. A convicção é de M’zée Fula Ngenge, presidente do African Diamond Council (ADC), que identifica no Annual Summit promovido em Novembro último pela Forbes África Lusófona uma plataforma estratégica para reposicionar o país nas cadeias globais de valor e consolidar uma nova narrativa económica no continente.
À margem do encontro, realizado em Luanda, o responsável sublinha que o evento se afirmou como um momento-chave do calendário económico nacional. “Este é um dos acontecimentos mais importantes do ano e muitos dos que participam partilham esta mesma filosofia”, afirmou, destacando o papel do fórum enquanto espaço privilegiado de leitura do presente e de projecção do futuro imediato da economia angolana.
Na análise de M’zée Fula Ngenge, o Forbes África Lusófona Annual Summit Angola tem vindo a desempenhar uma função relevante na articulação entre decisores públicos, sector privado e investidores, contribuindo para alinhar expectativas e prioridades num ano simbolicamente marcante, em que Angola assinala 50 anos de independência. “Permite perceber onde estivemos, onde estamos e para onde queremos ir no próximo ano”, observa, defendendo que o encontro funciona como uma verdadeira bússola estratégica para o país.
O presidente do ADC enfatiza que o valor acrescentado do evento reside na sua capacidade de reunir “as pessoas mais importantes do país” para debates que classifica como “muito sérios” sobre o rumo da economia. Esse exercício, considera, é essencial para que Angola consolide a sua agenda de diversificação, atraia mais capital externo e estabeleça novas parcerias, sobretudo em sectores com forte vocação exportadora e potencial de integração nas cadeias internacionais.
No sector diamantífero, M’zée Fula Ngenge não esconde o orgulho pela trajectória recente de Angola. Recorda que o país já ultrapassou o Botswana em termos de valor e de preço médio por quilate, posicionando-se como o principal produtor africano nesta métrica. “É uma conquista em que vimos trabalhando há vários anos”, sublinha, apontando o resultado como reflexo de reformas estruturais e de uma maior sofisticação do mercado.
A presença de multinacionais como a De Beers e a Rio Tinto é apresentada como um sinal claro de maturidade do sector e de reforço da confiança no enquadramento regulatório angolano. Para o presidente do ADC, Angola tem conseguido atrair “um conjunto significativo de investidores” dispostos a apoiar a transição para uma indústria mais eficiente, transparente e alinhada com as exigências internacionais de rastreabilidade e boas práticas.
Num momento em que o país celebra meio século de independência, M’zée Fula Ngenge defende que a próxima etapa exige resultados visíveis e consistentes, capazes de sustentar as próximas cinco décadas. O desafio, referiu, passa por transformar o actual ciclo de reformas numa plataforma de longo prazo que consolide Angola como referência regional não apenas em recursos naturais, mas também em governação, valor acrescentado local e capacidade industrial.
É neste contexto que o responsável lança o desafio para 2026: demonstrar ao mundo que a combinação entre a liderança africana em diamantes e a relevância estratégica no petróleo pode traduzir-se num novo estatuto geopolítico. Na sua comparação com países como a Nigéria e o Botswana, lembra que Angola já ocupa o primeiro lugar africano nos diamantes e o segundo no petróleo, uma equação que abre espaço para a construção de uma narrativa de “superpotência” assente em resultados concretos.
Mais do que uma declaração de ambição, a mensagem que M’zée Fula Ngenge leva do “Forbes África Lusófona Annual Summit Angola 2025” é a de que o país procura usar o peso dos seus recursos naturais para ancorar um novo ciclo de investimento, parcerias e desenvolvimento económico, com impacto real e sustentável na próxima geração de crescimento.
Com Rossana Dias





