De uma necessidade de reaproveitar as águas utilizadas em casa, o estudante universitário cabo-verdiano, Patrick Gomes, criou um projecto que pretende não só a reutilização do líquido para rega, como também transformar os dejetos em gás de cozinha.
O projecto foi financiado pela Organização das Nações Unidas , através do programa Accelerator Lab, e será executado com apoio logístico da Universidade Jean Piaget, numa parceria com a Câmara Municipal da Praia.
“É uma ideia que veio devido às necessidades de uma família rural, em que tentamos resolver as dificuldades que uma família normal sente, que é o consumo das energias”, descreveu o inventor em entrevista à Lusa.
Natural da cidade da Praia, Patrick Gomes, de 40 anos de idade, é técnico profissional da construção civil e projectista, estudante no 4º ano do curso de arquitectura, na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. O estudante explica que a ideia que tem é de filtrar a água que é utilizada em casa e reaproveitá-la para regar plantas e também para alimentar os animais.
Neste momento o projecto está a ser implementado para uma habitação, com um depósito de filtragem de água de três toneladas e outro para produção de gás de uma tonelada.
O projecto, conta, começou a ganhar forma no período em que o país enfrentou uma seca, que lhe levou a constatar que, no interior da ilha de Santiago, toda a gente se queixava da falta de água, mas todos utilizavam água para satisfazer as necessidades básicas, como lavar a casa, tomar banho e lavar a louça.
“E toda essa água não é reaproveitada”, sublinhou, indicando que o projecto, denominado RECYCLE BE, é um tanque de esgoto portátil para colmatar a necessidade de filtrar a água e canalizá-la automaticamente para rega.
“Toda a água que é utilizada em casa, principalmente as águas negras, vem para o nosso depósito, e com isso também conseguimos aproveitar esses dejetos para produção de gás”, descreveu o mentor, avançando que o projecto já está concluído em 80%.
Depois disso, indicou Patrick, dar-se-á início à implementação piloto, o que deverá acontecer entre final de Agosto e início de Setembro, na localidade de Ribeira da Cidadela, onde será seleccionada uma família, que vai ajudar a finalizar os estudos e as observações necessárias.
Sem definir a quantidade de gás a ser produzido, o estudante universitário disse apenas que tudo dependerá da quantidade do lodo acumulado no depósito de esgoto, do tempo de uso do projecto e da capacidade do depósito.
“Só com a implementação do projecto piloto é que tiramos estas últimas conclusões, sobre a quantidade de gás, a qualidade da água, para vermos até onde podemos chegar”, acutelou o técnico cabo-verdiano, que neste projecto de reciclagem vai utilizar materiais que demoram muito tempo para se degradar na natureza, num processo autónomo por gravidade e decantação.
“Mas, por enquanto, sabemos que conseguimos produzir o gás de cozinha, que é o objectivo primário do projecto para que as famílias consigam reduzir um pouco o gasto mensal”, garante.
