Este resultado líquido resulta da “redução drástica das receitas provenientes das vendas de petróleo bruto e do elevado grau de imparidades registados, devido à redução verificada no preço do barril de petróleo, implicando também uma redução das reservas provadas da empresa [estimativas relativas a reservas com elevado grau de confiança na produção], tendo em conta o ano anormal vivido, por causa da pandemia da covid-19”, segundo o Relatório e Contas disponibilizado no ‘site’ da empresa.
No mesmo documento de destacar ainda a conclusão do Programa de Reestruturação em 2020 com a adoção de um novo modelo organizacional e de governo e o saneamento financeiro, que permitiu uma poupança de 1.441 milhões de dólares, contribuindo para uma redução das importações de combustíveis em 66%, custos de estrutura em 14%, custos da atividade mineira em 12% e custos com o pessoal em 9%.
Quanto às privatizações, foram alienados três ativos, com encaixe total de cerca de 40,6 milhões de euros.
O documento assinala ainda o arranque da implementação da estratégia de Exploração e Produção, que prevê um aumento da quota de produção operada de 2% para pelo menos 10% em 2027, o desenvolvimento do projeto da Refinaria do Lobito e decisão final de investimento para a construção da 1.ª fase da Refinaria de Cabinda para a qual e prevê uma capacidade de processamento de 30.000 barris por dia.
Em 2021, segundo as perspetivas apresentadas no seu relatório anual, a Sonangol prevê investir cerca de 2,2 mil milhões de dólares, com um maior foco na sua cadeia nuclear de valor e em energias renováveis.
Contudo e no mesmo documento, a Sonangol afirma “ter conseguido honrar os principais compromissos com parceiros nacionais e entidades internacionais, apesar de ter sido um ano bastante atípico e ter visto os seus rendimentos afetados por uma gama transversal de efeitos nocivos decorrentes da pandemia de Covid-19, quadro comum a quase generalidade de relatos do período em causa”.
A petrolífera prevê que até ao final do ano “estabilizar o volume de negócio e, consequente, a melhoria dos resultados do exercício”.
Não obstante, o auditor das contas da Sonangol, a consultora KPMG, expressou várias reservas quanto às demonstrações financeiras, nomeadamente no que diz respeito aos mais de 1,8 mil milhões de dólares de créditos do grupo sobre o Estado angolano, pois não existia à data em que o relatório foi alvo de auditoria um plano de reembolso destes créditos que permita a determinação do seu valor atual, refere a agência Lusa.