Um grupo de mulheres guineenses apresentou há dias, em Bissau, a “New Faces, New Voices Guiné-Bissau”, uma plataforma que pretende ajudar à integração económica das mulheres do país, através do apoio à inclusão, educação financeira e empreendedorismo.
“A New Faces, New Voices Guiné-Bissau” é a plataforma guineense da organização não-governamental com o mesmo nome, que foi criada em 2009 como pilar empresarial e financeiro da Multiplyng Faces, Amplifying Voices, fundada por Graça Machel.
“A necessidade de criar na Guiné-Bissau também esta plataforma surgiu de várias preocupações e, sobretudo, pela falta de acesso das mulheres aos produtos bancários. Estamos a falar de microfinanças e não de microcréditos”, disse Mariana Tandler Ferreira, uma das fundadoras da plataforma na Guiné-Bissau.
Segundo Mariana Tandler Ferreira, a ambição final da associação é tornar-se num banco para mulheres, mas, para já, a plataforma vai começar com parcerias com instituições bancárias, como a que já foi formalizada com o Ecobank.
“Esperamos ser algo diferente. Não queremos criar mais uma associação entre tantas outras que já existem”, disse, salientando que o acesso aos produtos financeiros e microcréditos já existem na Guiné-Bissau, apesar de serem um “bocado anémicos”, mas são produtos que visam a pequena empresa.
“A mulher que vende o peixe, que vende as mangas, essa não tem nem literacia financeira, nem possibilidades de cumprir critérios de burocracias e papelada. É a estas mulheres que queremos chegar e empurrar para que de vendedora ambulante se torne numa vendedora formalizada e com acesso a um crédito bancário e a uma vida digna”, afirmou.
Segundo dados divulgados pela plataforma, na Guiné-Bissau, as mulheres representam 51% da população.
O país tem 50% de analfabetos, desses, 62% são mulheres, e apenas 30% das contas bancárias pertencem a senhoras, disse, durante a apresentação, Mariana Tandler Ferreira.
A responsável salientou também que as mulheres guineenses enfrentam vários obstáculos para a sua autonomização económica, nomeadamente o baixo nível de educação e formação, as leis, as práticas costumeiras e as normas sociais e culturais.