Um chefe de cozinha que se reinventa todos os dias na gastronomia angolana

Octávio Neto de 36 anos viveu grande parte do tempo em Portugal, onde acabou por ganhar o gosto pela gastronomia, já conta com uma longa estrada na culinária. Hoje põe no terreno os ensinamentos que conquistou ao longo destes anos no restaurante Bessangana. Em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, admite que sempre sonhou ser jogador…
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Aos 36 anos, Octávio Neto é um dos chefes que comanda a cozinha de um dos restaurantes mais procurado da Ilha de Luanda, um jovem que tem posto em pratica tudo que aprendeu na academia gastronômica.
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Octávio Neto de 36 anos viveu grande parte do tempo em Portugal, onde acabou por ganhar o gosto pela gastronomia, já conta com uma longa estrada na culinária. Hoje põe no terreno os ensinamentos que conquistou ao longo destes anos no restaurante Bessangana.

Em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, admite que sempre sonhou ser jogador de futebol e que nunca pensou ser cozinheiro. Mas foi na arte culinária que se desviou do mundo da delinquência e, por conselho de uma psicóloga no ensino médio, inscreveu-se na Escola de Hotelaria do Estoril.

“Na altura um jovem angolano a viver na linha de Sintra, zona mais problemática da Europa onde era difícil atingir a idade para obter a carta de condução, aquela escola foi uma salvação e uma forma de me transformar e me encontrar como homem naquilo que é o meu sentido profissional”.

Octávio Neto descreve o seu percurso, numas das melhores escolas de Hotelaria da Europa “Quando fui para a formação não tinha muito gosto nesta profissão, mas a escola incutia o espírito profissional da cabeça aos pés, era manhã e noite a trabalhar de forma intensiva”, recorda.

 O Chef nunca pensou em desistir nem nos seus piores momentos e desafiou-se a si mesmo a crescer e dar o seu melhor todos os dias, por sentir que tinha potencial, “e, mesmo que não tivesse, com o trabalho árduo iria conseguir atingir o objectivo final e hoje estou aqui por isso”.

Numa avaliação ao passado, o chefe de cozinha realça que um dos momentos menos positivos do percurso aconteceu quando foi despedido por ter queimado uma panela de refeição, isto numa altura em que tinha acabado de entrar na esfera profissional. “Foi uma situação bastante desconfortável para mim, era o sonho de todos alunos trabalharem no Hotel Fortaleza do Guincho, e como tive boas notas fui indicado para esse hotel numa fase prematura da minha carreira e deixei queimar uma panela de sopa. Estava meio distraído e serviu-me de lição. Foi um lapso na altura muito criticado pela directora e fui despedido”, lamenta Octávio Neto.

Hoje assume-se como o cozinheiro “apaixonado pela profissão” e conta que o seu percurso em Angola tem sido bom, com vários convites para cozinhar em grandes eventos e jantares particulares.

“Um jantar que me marcou bastante foi o que preparei em Julho do ano passado para um cliente muito especial, a convite do Standard Bank. Fiquei muito lisonjeado por ter sido escolhido para fazer parte de um grupo de 8 Chefs de diferentes países”, frisou.

Actualmente, Octávio Neto é o chefe de cozinha de um dos restaurantes mais procurados da Ilha de Luanda, o Bessangana, onde tem estado desde a criação do espaço.

Questionado sobre como olha para a culinária africana, Octávio Neto considera que tem tido cada vez mais espaço a nível internacional e realça que “hoje a culinária angolana é muito apreciada tanto pelos angolanos, como pelos estrangeiros”, contudo acredita que pela riqueza dos condimentos e ingredientes angolanos, ainda há muito por se descobrir e desenvolver na gastronomia nacional. O chef de cozinha espera um dia fazer parte de um projecto para formar cozinheiros angolanos”, rematou.

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