“Existe mesmo uma Lusofonia?”

“Existe uma Lusofonia? Existe mesmo essa Comunidade ou não passa de jantares de gala entre ministros e presidentes?”, a provocação é de Carlos Feijó e lançou um novo mote na discussão sobre “Desafios e Oportunidades para a Lusofonia”, no âmbito da Conferência que assinalou o sexto aniversário do Jornal Económico, em Portugal. Para o ex…
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Carlos Feijó alerta para o facto de a Comunidade não poder ser um instrumento geoestratégico de uns contra outros e “Paz não significa só ausência de guerra”, diz o ex-ministro do Estado de Angola.
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“Existe uma Lusofonia? Existe mesmo essa Comunidade ou não passa de jantares de gala entre ministros e presidentes?”, a provocação é de Carlos Feijó e lançou um novo mote na discussão sobre “Desafios e Oportunidades para a Lusofonia”, no âmbito da Conferência que assinalou o sexto aniversário do Jornal Económico, em Portugal. Para o ex chefe da Casa Civil de Angola, “a Lusofonia não se pode tornar num instrumento geoestratégico usado por alguns países que a compõem contra outros”. Dito isto, o desafio da Comunidade é perceber primeiro que “Paz deve querer dizer que não há desigualdades, não há exclusão social e não sei se os nossos países, actualmente, já resolveram esse problema para dizer que estamos em paz”. Para o jurista, “a paz, a democracia e o desenvolvimento são elementos que devem estar interligados, têm a ver com o indivíduo, o tempo, as coisas, onde ele está e como ele está. É um valor universal que não significa unicamente ausência de guerra”. E, por isso, Reconciliação é o termo que avança em três componentes: “na componente política, tem a ver com o modelo de organização do Estado, onde cada um tem de se rever e no modo como se faz a distribuição territorial do poder. Por exemplo, Angola, um país tão extenso, tem de ter processos de descentralização administrativa e nalguns casos algum caminho na descentralização política – apesar de eu não a defender agora, mas não sei se o futuro não caminhará para lá: a questão económica que tem a ver com as desigualdades, a participação de todos na riqueza nacional, se não tivermos essa boa distribuição não teremos paz. E depois a componente cultural, pois países como Angola com tantas áreas culturais e línguas nacionais, tem de ter em consideração estes elementos, porque a tribalização pode conduzir até à própria tribalização do Estado e será um elemento perturbador. Falo de Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Moçambique e excluo Cabo Verde porque as suas características de arquipélago o colocam mais perto da Europa do que de África”, remata.

O também autor de obras sobre Direito, termina lançando um novo repto. “Como transformar um activo cultural tão extenso como a Língua Portuguesa num activo económico”. E fica o desafio.

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