Com excepção de Angola, os demais Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, registaram um “significativo” agravamento da inflação face ao período pré-pandemia, invertendo a tendência anterior na maioria dos casos.
A informação consta no Relatório sobre a Evolução das Economias dos PALOP e de Timor-Leste, elaborado pelo Banco de Portugal, que dá ainda conta que o sucessivo acréscimo da taxa de inflação homóloga, em 2021 e 2022, nestes países, reflete, em grande medida, o contributo dos preços dos bens alimentares e energéticos.
O documento, compilado pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, adianta que o peso dos preços destes bens no valor das importações, em geral, aumentou também face a 2019.
“A persistência das pressões inflacionistas, por seu turno, tenderá a afetar negativamente as contas externas, embora de forma menos pronunciada no caso dos países exportadores de matérias-primas”, refere o relatório.
O Banco de Portugal refere também que o efeito negativo sobre as condições de vida tem levado as autoridades dos PALOP e Timor-Leste a implementar medidas de mitigação dos impactos do aumento da inflação, com repercussão sobre as contas públicas.
Quanto aos vários desafios que os países africanos que têm o português como língua oficial e Timor-Leste têm pela frente para o crescimento das suas economias e o desenvolvimento sustentável, o Banco de Portugal entende que, no caso de Angola, destaca-se a diversificação do tecido produtivo e a redução da preponderância do setor petrolífero, que têm exposto a economia às flutuações da procura externa e dos preços internacionais.
Já São Tomé e Príncipe, a instituição financeira considera que os principais riscos presentes no cenário macroeconómico decorrem da conjugação de níveis elevados de inflação, da evolução desfavorável das reservas externas e da dificuldade de acesso a recursos financeiros externos.
Para além de riscos ainda relacionados com a pandemia, o cenário macroeconómico de Cabo Verde, diz o banco central português, poderá ser agravado pelo aumento dos preços de combustíveis e produtos alimentares, bem como por condições financeiras menos favoráveis. Soma-se ainda a vulnerabilidade a condições climatéricas adversas, com destaque para a recorrente situação de seca.
Para Guiné-Bissau a instituição considera uma possível persistência da crise sanitária ou a deterioração do ambiente político, capaz de comprometer as reformas estruturais ambicionadas, bem como o prolongamento de um contexto internacional adverso, como os principais riscos para a economia.
Por sua vez, os principais factores de risco para a economia timorense estão relacionados com o prolongamento dos níveis elevados de inflação e de despesa pública, refere o relatório, acrescentando que estes efeitos são “particularmente desafiantes” no contexto actual, com a redução da produção de gás e petróleo e a volatilidade dos mercados financeiros a afectarem o comportamento do Fundo do Petróleo, principal fonte de financiamento dessa despesa.