Sector social foi o mais sacrificado pela dívida pública angolana

Um estudo da Plataforma Angolana da Cidadania sobre Dívida Pública desenvolvido este ano nas províncias de Luanda, Huíla, Zaire, Cunene e Moxico concluiu que o sector social foi o mais sacrificado pela dívida pública angolana. No final, segundo o relatório apresentado há dias em Luanda, o custo da dívida pública é transferido, quase sempre, directamente…
ebenhack/AP
A conclusão consta do estudo analítico desenvolvido em cinco províncias do país pela Plataforma Angolana da Cidadania sobre Dívida Pública, apresentado em Luanda.
Economia

Um estudo da Plataforma Angolana da Cidadania sobre Dívida Pública desenvolvido este ano nas províncias de Luanda, Huíla, Zaire, Cunene e Moxico concluiu que o sector social foi o mais sacrificado pela dívida pública angolana.

No final, segundo o relatório apresentado há dias em Luanda, o custo da dívida pública é transferido, quase sempre, directamente para a sociedade, em particular para os mais pobres, tanto por meio do pagamento de elevados impostos indirectos, quanto pela ausência ou insuficiência de serviços de utilidade pública a que tem direito, como a educação, saúde, assistência e protecção social e saneamento básico.

O estudo concluiu também que o nível de endividamento público em Angola preocupa não só pelo seu crescimento expansivo, como também pela dificuldade que o país tem em conceber uma dinâmica que imponha uma trajectória sustentável de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e, consequentemente, do aumento da arrecadação e reequilíbrio das contas públicas.        

A pesquisa analítica sobre a dívida pública indica igualmente que a não realização da auditoria da dívida pública compromete os direitos económicos e sociais das famílias angolanas, a qualidade da gestão das finanças públicas, bem como o investimento directo estrangeiro. Tal situação é apontada por 67% dos angolanos inquiridos como um dos principais factores de incerteza doméstica que pode inviabilizar uma retomada sustentada da economia para os próximos anos.

“A contratação pública é uma das actividades economicamente mais significativa do governo angolano, mas também aquela que apresenta maiores riscos de corrupção no sector público, por isso, há uma necessidade urgente de se reforçar a transparência, através da adopção do respeito ao princípio da publicidade e redução da utilização do procedimento da contratação por previa selecção”, descreve o documento.

Presente na apresentação do relatório, em representação da ministra das Finanças, Vera Daves, a chefe de departamento de Análise de Risco do Ministério das Finanças, Lelia Lemos, justificou que o Governo angolano tem captado financiamento para construir infra-estruturas, como escola, hospital e barragem.

“Obviamente, o resultado deste financiamento será observado futuramente. É necessário também se ter mais literacia sobre a própria dívida. A dívida não se contrai porque o Governo quer, mas sim para financiar o deficit, no sentido de existir um equilíbrio fiscal”, justificou.

A Plataforma Angolana da Cidadania sobre Dívida Pública é um espaço de debate plural relativamente à justiça económica, com destaque para as questões da dívida pública, produção e partilha de conhecimento, para construção de uma consciência pública e política baseada nos princípios da responsabilização, gestão justa, transparência, equidade, democracia e direitos humanos na governação.

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