Guiné Equatorial é o pior entre os lusófonos no Índice Ibrahim de Governação Africana

A Guiné Equatorial manteve a 51.ª posição no Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) 2022, apesar do progresso em aceleração, acima apenas da Eritreia, Somália e Sudão do Sul, indica um relatório publicado esta semana. Embora tenha registado melhorias nas categorias de "Bases para Oportunidades Económicas" e "Segurança e Estado de Direito", o país conheceu…
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Angola está, no geral, entre os países que mais progressos registaram, tendo subido, em 2022, para 40.º lugar do IIGA. Entretanto, Cabo Verde continua a ser o mais bem posicionado entre os PALOP.
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A Guiné Equatorial manteve a 51.ª posição no Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) 2022, apesar do progresso em aceleração, acima apenas da Eritreia, Somália e Sudão do Sul, indica um relatório publicado esta semana.

Embora tenha registado melhorias nas categorias de “Bases para Oportunidades Económicas” e “Segurança e Estado de Direito”, o país conheceu deterioração em “Participação, direitos e inclusão” e “Desenvolvimento humano”, de acordo com o índice elaborado pela Fundação Mo Ibrahim, posicionando-se assim como o pior entre os lusófonos do continente.

O Índice Ibrahim de Governação Africano mede anualmente a qualidade da governação em 54 países africanos através da compilação de dados estatísticos do ano anterior.

O relatório destaca ainda que a Guiné Equatorial está entre os “países mais corruptos da África”, com uma governação pouco transparente e problemas de violação dos direitos humanos.

Apesar de a Guiné Equatorial ter o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do continente graças às receitas da exploração de petróleo e gás natural e gerar capital para o país, cria poucos empregos para a população, referem os autores do relatório.

Os países com pontuações mais baixas têm em comum líderes no poder há pelo menos de 18 anos, sendo o presidente Teodoro Obiang aquele com o mandato mais longo, 44 anos.

Dos falantes da língua portuguesa em África, Cabo Verde continua a ser o melhor posicionado, embora tenha descido para quarta posição, entre 54 países avaliados, sendo que foi inserido no grupo de países que regista uma tendência negativa ao longo da década, com crescente deterioração nos últimos cinco anos.

Apesar da posição ainda elevada na tabela, o país registou um declínio acentuado nos últimos cinco anos nas categorias de “Bases para as oportunidades económicas” e “Participação, direitos e inclusão”, aponta o relatório elaborado pela Fundação Mo Ibrahim.

A deterioração, avançam os autores do documento, é menos severa, mas preocupante, nas categorias de “Desenvolvimento humano” e “Segurança e Estado de direito”.

São Tomé e Príncipe é o segundo País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) melhor classificado no (IIAG). A Nação liderada por Carlos Vila Nova, desde Outubro de 2021, subiu para 11.º lugar do Índice Ibrahim de Governação Africana, mas a tendência de progresso está em desaceleração, segundo o relatório publicado na passada Quarta-feira, 25.

O país registou melhorias significativas nas categorias de “Participação, direitos e inclusão”, mas o progresso está a abrandar em “Desenvolvimento humano”, de acordo com o índice elaborado pela Fundação Mo Ibrahim.

Nos últimos cinco anos, São Tomé e Príncipe registou um declínio nas categorias de “Bases para as oportunidades económicas” e “Segurança e Estado de direito”, apesar de a trajetória ao longo da década ser positiva ou estável. 

O terceiro mais bem posicionado no índice é Moçambique que, tal como a Guiné Equatorial, manteve o seu lugar, 26.º, com o declínio registado na última década a apresentar-se em desaceleração.

Segundo o estudo, o também conhecido como “país do Índico” apresentou maior progresso na categoria de “Desenvolvimento Humano”, mas esta tendência está a abrandar em “Bases para as oportunidades económicas”.

O país está ainda em deterioração nas categorias de “Participação, direitos e inclusão” e “Segurança e Estado de direito”, com maior gravidade na segunda. A insegurança relacionada com os ataques terroristas de grupos extremistas islâmicos no Norte de Moçambique e a prevalência elevada de casamento infantil contribuem para o mau desempenho, refere o estudo.

Angola, que entre os PALOP supera a Guiné-Bissau e a Guiné Equatorial, está no geral entre os países que mais progressos registou, tendo subido, em 2022, para 40.º lugar do Índice Ibrahim de Governação Africana.

O país continua a mostrar sinais de progresso crescente. O relatório IIAG avança que Angola continua a evoluir positivamente nas quatro categorias: “Segurança e Estado de direito”, “Participação, direitos e inclusão”, “Bases para as oportunidades económicas” e “Desenvolvimento humano”.

Para os autores do documento, terá contribuído “significativamente” para uma a melhoria em termos de transparência e responsabilização no país, que é uma das maiores economias entre os PALOP, a substituição do já falecido Presidente José Eduardo dos Santos, que esteve no poder 39 anos, por João Lourenço, em 2017.

Na penúltima posição entre os falantes do português em África, à frente apenas da Guiné Equatorial, está a Guiné-Bissau, que desceu para a 44.ª posição do Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) 2022, “continuando a mostrar sinais preocupantes de declínio recente”.

O país está num grupo de oito, juntamente com o Burkina Faso, Essuatíni, Guiné-Conacri, Libéria, Madagáscar, Namíbia e Ruanda, que mostram sinais de preocupação porque inverteram a tendência para uma trajetória negativa ou pararam completamente o progresso.

Apesar de progressos relevantes nas categorias de “Participação, direitos e inclusão”, “Segurança e Estado de Direito” e “Desenvolvimento humano”, a Guiné-Bissau registou uma deterioração acentuada em “Bases para as oportunidades económicas”.

Apesar de ter registado um progresso ligeiro de 1,1 pontos na última década, entre 2012 e 2021, a curva de crescimento que o IIAG vinha a registar desde 2014 estagnou desde 2019. 

A desaceleração, que coincide com o período da pandemia da Covid-19, deve-se sobretudo ao aumento de conflitos armados, repressão contra civis e retrocessos democráticos em geral, que causaram deteriorações em termos de segurança, respeito do Estado de Direito, participação e direitos civis.

Estes recuos anularam avanços registados em África com mais oportunidades económicas e desenvolvimento humano, em particular no acesso a cuidados de saúde, refere o relatório do Índice Ibrahim de Governação Africana 2022, liderado pelas Maurícias.

Eis o ranking completo:

1 . Maurícias

2 . Seicheles

3 . Tunísia

4 . Cabo Verde

5 . Botsuana

6 . África do Sul

7 . Gana

8 . Namíbia

9 . Senegal

10 . Marrocos

11 . São Tomé e Príncipe

12 . Ruanda

13 . Quénia

14 . Benin

15 . Argélia

16 . Gâmbia

17 . Lesoto

18 . Burkina Faso

18 . Malawi

20 . Costa do Marfim

21 . Tanzânia

22 . Serra Leoa

23 . Togo

24 . Zâmbia

25 . Libéria

26 . Moçambique

27 . Egipto

27 . Gabão

29 . Zimbabué

30 . Nigéria

31 . Uganda

32 . Etiópia

32 . Níger

34 . Madagáscar

35 . Essuatíni

36 . Camarões

37 . Mali

38 . Comores

39 . Djibouti

40 . Angola

41 . Mauritânia

42 . Guiné

43 . Burundi

44 . Guiné-Bissau

45 . Líbia

46 . República do Congo

47 . Chade

47 . Sudão

49 . RD Congo

50 . República Centro Africana

51 . Guiné Equatorial

52 . Eritreia

53 . Somália

54 . Sudão do Sul

Com Lusa

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