A capacidade instalada de produção de energia eléctrica de Angola registou um crescimento “exponencial”, tendo passado de 2 356,36 Megawatts (MW) em 2015 para cerca de 6 319,43 MW em 2023, avançou, há dias, em Luanda, o ministro da Energia e Águas do país, João Baptista Borges.
O governante que falava durante a 7ª edição do Mercado Africano de Energia (AEMP), que decorreu sob o lema “Acelerando Reformas e Ampliando Investimentos no Sector de Energia”, justificou que o crescimento resulta da realização de “importantes investimentos”, entre os quais destacou a recente conclusão do aproveitamento hidroeléctrico de Laúca, que produz cerca de 2 070 MW, a ampliação do Aproveitamento de Cambambe, bem como da construção da central do ciclo combinado do Soyo.
O ministro referiu que está em curso igualmente a construção do aproveitamento hidroeléctrico de Caculo Cabaça, para a produção de cerca de 2 172 MW, que vai permitir elevar a capacidade instalada do país, em 2027, para 9 644,09 MW.
“A par dos investimentos no domínio da energia hidroeléctrica, Angola iniciou o processo de reestruturação da sua matriz energética, tendo concluído, recentemente, as centrais fotovoltaicas do Biopio, com cerca de 188 MWfotovoltaico (MWdc) e de Baia Farta, com cerca de 96 MWdc, que contribuem com cerca de 3,8%, no âmbito do sistema eléctrico público”, acrescentou.
João Baptista Borges considerou, no entanto, que os desafios ainda são imensos face à necessidade de se garantir a expansão da rede de transporte de energia para o sul e leste do país, escoando dessa forma cerca de 4 mil MW de capacidade superavitária.
“Pretendemos, no final de 2027, alcançar uma taxa de acesso de 50%, considerando uma população de 33 milhões de pessoas, o que pressupõe realizar cerca de 1 700 novas ligações domiciliares”, perspectivou.
Estas metas, segundo o governante, assentam numa estratégia de três eixos fundamentais, nomeadamente a expansão da rede eléctrica, através de sistemas on grid e off grid, aumento da eficiência e sustentabilidade do sector e a aposta nas energias renováveis e participação privada no sector.
Para que tal seja concretizável, impõe-se que consigamos fazer face a alguns desafios como o acesso ao crédito em condições concessionais, que permita ao país suportar o peso da dívida com a construção de novas infra-estruturas.
“Aqui, o papel das instituições de crédito multilaterais como o Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco Mundial é de relevante importância”, sublinhou João Baptista Borges, que destacou a participação do BAD em projectos relevantes, como é o caso do financiamento para constituição da linha de transporte de energia eléctrica que vai interligar às províncias do Huambo e da Huíla, “o que vai permitir eliminar o consumo de combustível utilizado para produção de energia nas cidades do Lubango e do Namibe”.
Por sua vez, o vice-presidente para Energia, Alterações Climáticas e Crescimento Verde Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Kevin Kariuki, avançou que, anualmente, o BAD investe 100 mil milhões de dólares, de forma a cumprir com os requisitos do desenvolvimento sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas.
“Há um número de projectos que nós estamos envolvidos e aqui há uma agenda de reforma de energia para mil milhões em Angola”, disse Kevin Kariuki, informando que estão a construir uma linha de transmissão desde o Huambo ao Lubango.
Por outro lado, o responsável do Banco Africano de Desenvolvimento, adiantou que a instituição perspectiva desenvolver a linha de transmissão Angola-Namíbia. “Também visamos apoiar Angola para poder exportar a sua energia. Hoje o país tem mais de 2 mil MW de energia. Seria bom podermos diversificar as receitas do país através da exportação dessa energia extra para países na região como a República Democrática de Congo, que sofre de défice na oferta”, disse.