O director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, revelou, em entrevista exclusiva à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, que resta para comercializar apenas 17% dos seis transponders do satélite angolano “Angosat 2” que tinham disponíveis para comercializar, considerando, por isso que o processo de venda dos espaços decorre a muito bom ritmo.
“Tínhamos apenas seis transponders para comercializar. Hoje temos 50% deles comercializado e 33% reservada. Ou seja, em menos de um ano apenas 17% está disponível para comercialização, o que corresponde a apenas um transponder da Banda-C”, detalhou.
“Mas importa referir que Foi desenhado e construído para cobrir todo o continente africano e parte significativa do sul da Europa, na Banda-C, e cobertura quase total da parte sul de África na Banda-Ku. A Banda-Ka servirá somente para a Gateway que estará em Luanda”, explicou.
Aquele responsável disse ainda que na Banda-ku há ainda muito espaço por comercializar.
Por outro lado, o director-geral do GGPEN clarificou que a entidade que dirige não vende serviços do satélite, dedicando-se apenas à comercialização da capacidade espacial no formato de grossista às empresas prestadoras de serviços via satélite, como são os casos da INFRASAT e da empresa Mercury Serviços de Telecomunicações (MSTelcom), entre outras, “que são responsáveis pela venda a retalho, a outras entidades como a Unitel, Africell, empresas corporativas e organismos governamentais.
Segundo garantiu Zolana João, os serviços do Angosat 2 já estão disponíveis no mercado, sendo que, neste momento, empresas como a Endiama e a ANPG são algumas das que já beneficiam dos mesmos.
“Temos neste momento três acordos – um com a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), um com a [diamantífera] Endiama, e outro com a Agência Reguladora e Certificação de Cargas Logísticas de Angola (ARCCLA)”, enumerou.
No serviço prestado a Endiama, explicou, “usamos inteligência artificial em imagens de satélite para apoiar a empresa a planificar e monitorar as actividades dos projectos mineiros, localizar depósitos de minerais e a mapear pontos críticos de mineração”.
Com a ANPG, prosseguiu o responsável, o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional tem uma parceria que já dura três anos, com um contrato de prestação de serviços assinado em Junho do ano passado [2023]. “Com o Tech-Ecologia foram enviados a ANPG mais de 80 relatórios de monitorização de derrames de petróleo”, frisou.
Há também o exemplo do sector da agricultura, onde a entidade que dirige trabalhou com a AAPA – Associação Agropecuária de Angola, num caso de estudo de uma fazenda de produção de milho. “A fazenda tem cerca de 5 mil hectares e nós medimos a saúde do solo e das colheitas”, indicou.
Questionado sobre a verdadeira relevância dessa parceria, o responsável disse tratar-se de algo “relevante”, já que “é quase impossível controlar a qualidade dessa imensidão de terra sem ajuda da tecnologia espacial, neste caso o Tech-Agro”.
Para Zolana João, a utilidade do satélite e do Programa Angosat se estende no Tech-Gest também. “Trata-se de um serviço que ajuda na gestão de plataformas logísticas e terras, localizar e inventariar as plataformas existentes e aferir o estado operacional das plataformas”, esclareceu.
O homem que dirige o GGPEN considerou “útil e talvez indispensável” para o Corredor do Lobito, o trabalho que vêm realizando Agência Reguladora e Certificação de Cargas Logísticas de Angola.