Opinião

O papel da juventude no rasgo com o retrocesso socioeconómico na Guiné-Bissau

Ednilson Gilberto dos Santos

Depois dos 51 anos da proclamação da independência unilateral, da nossa querida pátria amada, continuamos a consumir de uma forma incansável uma substância altamente nefasta para qualquer sociedade que almeja a sua independência plena, rumo ao desenvolvimento de uma forma transversal a todos os sectores vitais da nossa sociedade. E perguntam qual é a substância tóxica para a nossa sociedade.

A resposta é simples. Estamos a falar de uma falsa expectativa/narrativa, criada de forma interjecional de que uma juventude sem qualquer formação e capacitação para assunção das suas responsabilidades sociais/patrióticas, será capaz de resolver os problemas altamente complexos do nosso país.

Infelizmente, após 51 anos da nossa independência, continuamos com praticamente os mesmos problemas sociais, até podemos dizer que certos casos estamos substancialmente piores, mas como surge sempre uma boia de salvação permanente para justificar os nossos fracassos e irresponsabilidade, fica sempre bem dizer tudo que se está a fazer é para as gerações vindouras – Juventude.

Neste momento, temos jovens desesperados sem qualquer perspectiva de crescimento no nosso país, sem confiança nas nossas instituições e nos nossos governantes. Existe infelizmente milhares de jovens recém-formados e outros sem formações que já não tem qualquer interesse em permanecer, residir ou ter um futuro jubiloso na Nossa Partia Amada.

O Estado guineense deve apostar de uma forma substancial e sem precedentes na formação e humanização da juventude guineense. Essa aposta traduz-se numa capacitação transversal em todas as fases, desde jardins de infância até as universidades, sem prejuízo do reforço robusto nas formações profissionais e humanistas, essencialmente nos sectores mais débeis e com maior carência (agricultura, pesca entre outros). Contudo, só isso nunca será bastante para concretização do propósito maior que é o desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau.

É importante o reforço no investimento sustentável, quer nas entidades publicas como na criação de ecossistema económico extremamente saudável para atração das empresas para criação de mais emprego para juventude. O Estado não pode continuar a ser o epicentro da empregabilidade juvenil.

Neste momento, temos a participação da juventude guineense em todas as áreas vitais para desenvolvimento/crescimento económico do nosso país. No entanto, é de capital importância perceber se estes indivíduos pertencentes à faixa etária juvenil, que estão a desempenhar algumas funções em diversas entidades, se são efectivamente jovens nas suas atuações, nos seus modi operandi, ou se estão só para preencher a quotas e sustentar a narrativa tóxica e nefasta para a própria faixa etária/geração.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no seu Documento da Guiné-Bissau em Número, a juventude representa mais de 60% da população a nível nacional. Na minha observação só esta informação é suficiente para demonstração de uma forma completa a razão fundamental para um investimento de uma forma séria na criação de um ecossistema extraordinariamente favorável para materialização do propósito maior.

Para terminar, a única saída para o rasgo com este problema transgeracional, passa pela aposta de uma forma clara e sem nenhuma reserva na educação, cumprindo o legado do nosso grande MADIBA , segundo o qual “a educação é arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. É só através dessa profissionalização humanística que podemos ter uma juventude capaz, consciente, humana, fraterna e livre, assim  continuará a fazer sentido a frase histórica do Amílcar Cabral, pai da nossa independência, “as crianças são flores da nossa luta e razão do nosso combate”.

*Ednilson Gilberto dos Santos, Jurista /Presidente da Associação Guineense de Solidariedade Social / Adjunto do Presidente Municipal de Oeiras

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