O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou hoje que o país tem condições de financiar a 100% as eleições e que o seu porta-voz cometeu um erro ao proferir o contrário.
“Somos um país soberano e temos como financiar as nossas eleições a 100% “, afirmou o chefe de Estado guineense à imprensa, em Bissau, à saída de uma reunião do Conselho de Ministros.
Segundo prometeu, ainda este ano serão realizadas as eleições legislativas, apontando para 2025 a ida às urnas para a escolha do próximo Presidente da República. “A função [mandato] do Presidente tem uma duração de cinco anos e, neste momento, tenho apenas quatro anos de função”, lembrou.
Num momento em que os líderes das maiores forças políticas da Guiné-Bissau exigem a fixação da data das eleições, bem como a reposição da democracia, do bom funcionamento e separação de poderes no país, o Presidente tenta colocar “água na fervura” e promete que no decorrer deste ano [2024] a Guiné-Bissau irá realizar as eleições legislativas.
O adiar das eleições teve como razão a actualização dos cadernos eleitorais, por parte da Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAP), e a inviabilidade financeira, ao que hoje interpelado pela imprensa, Embaló afirmou que a informação adiantada pelo porta-voz da Presidência merece ser corrigida.
De recordar que, no início deste mês, o porta-voz do Presidente da Guiné-Bissau, António Óscar Barbosa, afirmara que Umaro Sissoco Embaló ainda não realizou eleições gerais por alegada falta de dinheiro. Na altura, Barbosa afirmou que “nunca as eleições na Guiné-Bissau foram feitas sem apoio internacional”, tendo avançado que teriam já solicitado a União Europeia, “que tem sido um parceiro fundamental”, a Portugal e a muitos outros países, ajuda para a efectivação das eleições.
Campanha de cajú “a bom ritmo”
Questionado sobre a castanha de cajú, conhecida como o “ouro da Guiné-Bissau”, o líder guineense considera que a campanha “está a decorrer muito bem”.
Segundo explica, “existem zonas que o kg de castanha está a ser vendido a 500 XOF (francos CFA), o equivalente a 0,76 euros, enquanto em outros lugares troca-se um saco de arroz de 50 kg por uma saca de castanha de cajú de 50 kg”.
Saliente-se que o cajú é o produto que mais contribui para o Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau e que a campanha do mesmo acontece de forma sazonal, sendo que em 2023 foi muito fraca, fazendo ressentir toda a economia.