O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, disse nesta Segunda-feira, em Nairobi, que “é preciso acelerar o processo de resolução da dívida do continente, tal como no tratamento de um doente com hemorragia”.
“O processo, todos concordam, é demasiado lento. Se tens alguém que está a sangrar e queres salvar-lhes a vida, paras a hemorragia o mais depressa possível (…) Por isso, o que os países africanos pedem é uma implementação e execução mais rápida dos mecanismos globais para lidar com a questão da dívida”, defendeu Adesina.
O presidente do BAD, falando aos jornalistas na abertura dos encontros que decorrem até Sexta-feira, mostrou-se “satisfeito” com o “quadro comum” que está a ser desenvolvido nesse sentido com os países do G20: “Está a ajudar a juntar os credores privados com os credores oficiais para negociar em termos de comparabilidade, quais são os termos da reestruturação da dívida que vai ser feita agora”.
“Compreendo que é um processo longo e muito difícil, porque há membros do Clube de Paris, há membros que não pertencem ao Clube de Paris e há devedores comerciais, cujas necessidades são muito diferentes das dos credores oficiais, mas é uma ajuda”, apontou, recordando a iniciativa multilateral dos anos 90, de redução da dívida do continente e dos países pobres.
“Perdemos uma década porque demoramos uma eternidade a negociar seja o que for”, lamentou.
Os países membros do BAD iniciaram nesta Segunda-feira na capital do Quénia os encontros anuais de 2024, com o tema ‘A Transformação de África, o Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitectura Financeira Global’, em que a questão da dívida africana será um dos principais pontos em discussão.
O BAD, diz a Lusa, estima que a dívida externa total de África se situava em 1,15 biliões de dólares (1,06 biliões de euros ao cambio actual) no final de 2023, com o continente a pagar 163 mil milhões de dólares de serviço da dívida, um aumento acentuado em relação aos 61 mil milhões de dólares de 2010.