Ao longo do seu percurso, tem sido testemunha de vários momentos históricos da aviação, sendo uma mulher na linha da frente do seu sector, quer a nível nacional, por ser a primeira mulher piloto, quer a nível intercontinental, por ser a primeira em África a pilotar um dos maiores aviões comerciais bimotores: o Boeing 777-300ER da fabricante norte-americana de aviões com sede em Seattle. O compromisso com o trabalho e a determinação na formação são conselhos que deixa às mulheres que desejam trilhar o mesmo caminho.
Alexandra Maria Chaves Pinto Gomes Lima, simplesmente comandante Alexandra Lima, nasceu em Luanda, no bairro indígena, arredores da hoje conhecida Avenida Brasil, onde viveu durante a infância.
Perdeu o pai quando tinha quatro anos e foi criada pela mãe e avó. Frequentou o ensino primário num colégio privado próximo de casa. Depois mudou-se com a família para o bairro Cassequel, em Luanda, próximo ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro. O roncar dos motores dos aviões, que, para quem reside no bairro Cassequel, faz trepidar o tecto das casas, fizeram surgir-lhe a paixão pela aviação.
“Eu vivia bem próximo à pista do aeroporto, e ouvia sempre o barulho dos aviões que descolavam e aterravam”, recorda.
Em 1981, aos 17 anos, inscreveu-se no curso de pedagogia no Instituto Médio de Educação (INE-Garcia Neto), localizado no ex-Kinaxixi, actualmente Maianga. Mas, naquela época, não se sentia confortável no curso de pedagogia. Foi assim que, apercebendo-se do concurso público da TAAG para comissários de bordo, fez a inscrição, depois o teste e foi considerada apta. “Pedagogia não era bem o que eu gostava, e acho que as pessoas devem fazer aquilo que realmente gostam. O que eu gostava naquela época eram mesmo os aviões”,
recorda.
Já entre os quadros da TAAG, começou a trabalhar como assistente de bordo. Aos 18 anos, na altura, em 1982, surge a oportunidade para frequentar o curso de piloto, e desta vez na Europa, na ex-Jugoslávia.
Alexandra Lima mostrou ser uma mulher determinada e aproveitou a oportunidade, pois, conta, na época, o curso de piloto era muito caro e destinado a uma certa elite. A assistente de bordo inscreveu-se e depois de passar pelo teste psicotécnico, foi considerada apta no meio de 30 homens e apenas duas mulheres, sendo que a segunda mulher acabou por reprovar nos níveis seguintes da formação.
Durante um ano e meio, ficou no curso de pilotagem da Escola de Pilotos da ex- -Jugoslávia, localizada na cidade de Vršac, actualmente região de Banat do Sul, província sérvia de Vojvodina, onde aprendeu as técnicas de aviação, no qual acabou apta e na lista dos 15 melhores estudantes.
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