O presidente Da União Africana, João Lourenço disse este Domingo, 13, que perante os imensos desafios que o continente enfrenta devido à falta de infra-estruturas modernas e suficientes, “impõe-se que aumentemos o investimento para proporcionar acesso a energia fiável e de baixo custo, a estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos modernos e eficientes e a redes digitais de elevada qualidade”.
“Isso contribuirá, seguramente, para a melhoria dos serviços de saúde e educação, facilitará a circulação de bens e serviços, reduzindo os custos logísticos, estimulará o desenvolvimento industrial e, consequentemente, contribuirá para o incremento do investimento estrangeiro directo no nosso continente”, perspectivou João Lourenço, durante a sétima Reunião de Coordenação Semestral da União Africana.
De acordo com presidente da União Africana, no quadro dos mecanismos de promoção do desenvolvimento do continente, a AUDA-NEPAD desempenha um papel central no que respeita à concretização da visão pan-africana definida na Agenda 2063, nomeadamente através da mobilização e disponibilização de recursos multiformes, essenciais para o sucesso da implementação dos projectos prioritários continentais e regionais.
Ainda no mesmo âmbito, considerou igualmente oportuno garantir, dentro do melhor prazo, a observância dos diferentes aspectos jurídicos e condições de aplicabilidade sobre o estabelecimento e estruturação do Fundo de Desenvolvimento da Agenda 2063.
“Este Fundo deverá complementar o trabalho que tem sido desenvolvido pelos mecanismos de financiamento já existentes, que se dedicam à mobilização de recursos para a concretização de projectos ligados à construção e melhoramento das infra-estruturas no nosso continente e, também, à sua aplicação em iniciativas ligadas à educação, à saúde e às tecnologias, primordiais e indispensáveis em todo o processo de desenvolvimento económico do continente africano”, ressaltou Lourenço.
No entanto referiu que a União Africana, em coordenação com o governo da República de Angola, está a dar passos importantes para a realização em Luanda, capital de Angola, entre os dias 28 e 31 de Outubro do corrente ano, uma importante conferência sobre o financiamento das infra-estruturas em África.
Sublinhou que a presidência angolana da União Africana está alinhada com o Programa para o Desenvolvimento de Infra-estruturas em África (PIDA), que nos últimos anos tem posto em marcha acções, visando o desenvolvimento de infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, energéticas, digitais e híbridas em todo o continente.
“A par do que acabo de referir, é importante destacar que as nossas comunidades económicas regionais têm actuado como os blocos fundamentais da integração africana, harmonizando políticas, fomentando mercados regionais e promovendo a mobilidade de bens, pessoas e serviços”, realçou.
De entre as várias iniciativas e projectos visando a integração e a interconexão entre as comunidades económicas regionais, destacou o Mecanismo Tripartido integrado pela SADC, o Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) e a Comunidade dos Estados da África do Leste (EAC), que comporta 29 países, representando 53% dos Estados Membros da União Africana, mais de 60% do PIB continental e uma população de 800 milhões de habitantes, tendo seu foco na integração para o desenvolvimento, na complementaridade comercial, na produção industrial competitiva e no desenvolvimento infra-estrutural do nosso continente.
“Esta é uma daquelas iniciativas que devemos encorajar e apostar, de modo que consigamos somar passos em direcção à concretização da interligação plena dos Estados do nosso continente. Apesar dos avanços registados e aplaudidos por todos nós, devemos reconhecer que ainda há um longo caminho a percorrer”, assegurou o presidente da União Africana.
Segundo João Lourenço, persistem desafios estruturais, institucionais e políticos que dificultam a plena realização da nossa ambição continental, onde me permito destacar questões cruciais como a baixa industrialização e fraca diversificação das nossas economias, a insuficiente harmonização de políticas comerciais, fiscais, sanitárias e alfandegárias, desincentivando os operadores económicos, podendo mesmo criar tensões políticas, conflitos armados e instabilidade institucional, que comprometem a paz necessária para qualquer processo de integração eficaz.