Profissionais de mais de 20 cidades africanas e europeias discutiram, de 23 a 27 deste mês, como a comunicação pode posicionar estrategicamente as nações africanas no cenário global para fortalecer a sua agenda de desenvolvimento.
Os comunicadores se reunirão para uma série de conferências híbridas, masterclasses e mesas redondas, em torno do tema “Ahead of the Curve: What’s Next for Comms in Africa?”, ou seja, “À frente da curva: o que vem a seguir para as comunicações em África?” – traduzido para o português –, tendo como palcos essenciais a África do Sul, país anfitrião, e a capital ruandesa, Kigali.
Questões recentes de governança global, como clima, saúde pública, comércio e segurança, demonstraram que os actores africanos não são agentes passivos nas relações internacionais e que a comunicação estratégica desempenha um papel fundamental no aprimoramento de suas capacidades para exercer vários níveis de agência e, cada vez mais, definir os termos de engajamento.
“Muitas vezes, a África tem sido enquadrada como um lugar sobre o qual se actua, não como um continente diversificado com uma agenda própria em evolução, no entanto, a crescente visibilidade de líderes africanos e especialistas em organizações internacionais está a trazer narrativas e interesses africanos para o mainstream” diz Annie Mutamba, cofundadora da Africa Communications Week, numa nota enviada à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.
Por sua vez, a cofundadora da Africa Communications Week, Eniola Harrison, explica que a agência africana não deve ser vista apenas como uma emanação de actores estatais, ao mesmo tempo que defende que os africanos de todos os sectores público e privado e da sociedade civil precisam continuar a pressionar por um lugar à mesa, “sendo aqui que a comunicação estratégica pode amplificar a sua voz na formação da agenda global”.
“Os especialistas em comunicação têm voz, recursos e redes. Eles também precisam ser estratégicos e intencionais sobre como estão deliberadamente a moldar uma narrativa que é tão vital para a transformação do continente. À medida que o mundo emerge da pandemia da Covid-19, agora mais do que nunca, os comunicadores devem apoiar proactivamente a recuperação económica do continente”, referem os organizadores do evento.
On Time representou Angola no evento

Entre os palestrantes esteve a angolana Carolina Barros, directora executiva da On Time – Agência de Comunicação & Relações Públicas – que representou o país. Na sua dissertação, a gestora referiu que o seu país ainda se encontra num estado de recuperação e reconstrução, mas ao mesmo tempo tem se mostrado aberta a acções que estejam focadas na valorização e elevação da marca Angola.
“Muitas são as ferramentas que, postas sobre a mesma mesa, facilitaram este processo. Contudo, a componente da comunicação é fundamental. E, a pergunta para início de conversa é: Qual o atributo mais importante trazem as Relações Públicas, para uma organização que pretende estabelecer-se no país ou operar com sucesso?”, indagou.
Respondendo, Carolina Barros afirmou que as relações públicas constroem, para as organizações, confiança e relacionamentos “autênticos” com o Governo e as comunidades, tudo porque, justifica, entre quem regula e quem é o beneficiário final das acções que marcas e empresas implementaram no mercado nacional, são as pessoas, ou seja, a comunidade.
“Tive a grata honra e oportunidade de participar na semana da comunicação (África Communication Week)”, disse Carolina à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.
Profissionais de marketing e comunicação, centraram-se, durante cinco dias, a procurar perceber como as relações públicas podem ajudar no posicionamento do considerado “continente berço da humanidade”.
“O desafio foi como a actividade de relações públicas mudou o mercado da comunicação em Angola. Mais do que falar do conceito de relações públicas na prática, partilhei com os meus colegas de painel, primeiramente e depois com audiência, como o nosso mercado vê a actividade de relações públicas.
Para a directora executiva da On Time, a comunicação estratégica desempenha um papel fundamental no aprimoramento de suas capacidades para exercer vários níveis de agência e, cada vez mais, definir os termos de engajamento. “Agora, com maior frequência, África tem sido enquadrada como um lugar sobre o qual se age, não como um continente diversificado com uma agenda própria em evolução”, sublinhou.
A crescente visibilidade de líderes e especialistas africanos em organizações internacionais também serviu para trazer narrativas e interesses africanos para o mainstream. Barros reconhece que actores africanos do sector público e privado e da sociedade civil, continuam na busca incessante por um lugar à mesa e uma voz na definição da agenda global, advogando, no entanto, ser importante saber “como a comunicação pode ajudar a amplificar essa voz”.
A jovem líder da África lusófona enfatiza que, mais do que colocar os diferentes stakholders sobre a mesma mesa, o AfricaCommsWeek Week visou mostrar aos líderes africanos que com a força das relações públicas e, baseando na expertise de cada mercado, é possível posicionar o continente e mudar a narrativa e percepção que se tem de África.
Lançada em 2017, a Africa Communications Week é um movimento global bilíngue (inglês e Francês) que tem como propósito a construção de pontes entre os profissionais de comunicação “comprometidos com a transformação da África”. A AfricaCommsWeek não se destina exclusivamente a profissionais africanos, mas está aberta a organizações e empresas internacionais com presença, participação, interesses ou experiência em África.
A missão da AfricaCommsWeek é capacitar e equipar os profissionais de comunicação focados na África com as ferramentas e recursos para mudar as narrativas actuais sobre o continente.